Trabalho de treinador com Zanetti começou há 14 anos em cidade do ABC

'Nossa história não é fácil', disse o técnico Marcos Goto, que treina o campeão olímpico em São Caetano do Sul

Arthur Zanetti, o ginasta, surgiu graças a abnegação de seus pais, Roseane e Archimedes, ao investimento de uma cidade do ABC paulista e à visão clínica de um técnico, Marcos Goto. O treinador, que trabalha com o campeão olímpico em São Caetano do Sul há 14 anos, deixou claro que o sucesso ou o fracasso do atleta não seria de mais ninguém a não ser deles."Eu e o Arthur dividimos o quarto na Vila Olímpica. Conversamos muito e eu sempre falei que ele não tinha de provar nada para ninguém", disse Goto, após a inédita conquista. "O que nós fizemos aqui... A nossa história, não é fácil. Acho que essa inédita medalha de ouro em Olimpíada é a primeira de um atleta bancado por uma prefeitura. Quando ele foi vice-campeão mundial, no ano passado, não conseguiu nenhum patrocínio."Goto fez questão de ressaltar que a medalha de ouro de Zanetti encerra, também, um inédito ciclo de conquistas da ginástica masculina. Sergio Sasaki, também revelado no Serc-Santa Maria e agora no Flamengo, conquistou o inédito 10.º lugar na disputa do individual geral em Londres. Também pela primeira vez os homens do Brasil venceram o Campeonato Sul-Americano e os Jogos Pan-Americanos. "Daqui para frente, se a coisa andar, se tiver apoio, a tendência é irmos muito longe. Mas falta infraestrutura, falta patrocínio, falta aparelhagem, não falta pouca coisa não", pontuou.A principal meta para o ciclo olímpico dos Jogos de 2016 é classificar uma equipe masculina para a competição. Em Londres, pela primeira vez o Brasil conseguiu classificar mais de um ginasta para os Jogos. Goto garante que não faltam garotos talentosos, embora o número seja muito menor em relação ao de meninas praticantes da ginástica. "Quando você entra no ginásio, a proporção é de 100 meninas para dez meninos." Goto também se mostra preocupado com os resultados que podem ser colhidos daqui a quatro anos. "Eu quero é que, daqui para frente, o esporte amador seja apoiado como um todo. Os atletas de 2016 já estão aí, já estão prontos. Não se constrói um atleta de alto rendimento em quatro anos."Aparelhagem. A condição de vice-campeão mundial das argolas garantiu a Arthur Zanetti um único benefício do Comitê Olímpico Brasileiro (COB): um aparelho e um colchão novos para treinar. Quando a entidade inaugurou o CT da ginástica que funciona no velódromo construído para os Jogos Pan-Americanos do Rio, em 2007, Zanetti não foi chamado a comparecer no evento.Os outros aparelhos do Serc-Santa Maria foram comprados com o dinheiro da associação de pais e da Prefeitura de São Caetano do Sul. GINÁSTICA ARTÍSTICA