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Traffic usa o torneio para sondar o mercado

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Por Giuliander Carpes
Atualização:

Desportivo Brasil Participações Ltda. Não fosse pela primeira palavra, seria difícil perceber que se trata de um clube de futebol. Com suas peculiaridades, é bem verdade. O time começa a surgir no cenário nacional a partir de investimentos da Traffic - parceira de equipes como o Palmeiras, Ituano e Coritiba, entre outras. Sua meta: revelar novos talentos e, evidentemente, lucrar com suas transferências. Confira a classificação de todos os grupos e a tabela da Copa SP Jr. O clube tem apenas equipes das divisões de base. Sub-14, 15, 17 e 20. Todas treinam em Barueri até um novo centro de treinamento, em Porto Feliz, ser inaugurado. Seu time formado com garotos até 18 anos disputa a Copa São Paulo de Futebol Júnior graças à "compra" de uma sede. Ou seja, a empresa garantiu hospedagem e refeições para as equipes do grupo C da competição, em Itu, em troca de uma vaga na maior vitrine do futebol de base do País. O Desportivo venceu a primeira partida, contra o Baré-RR, por 3 a 0. Hoje faz o segundo jogo, contra o também desconhecido Rio Bananal-ES, no Estádio Novelli Júnior (14 horas, com SporTv). Classificar para a segunda fase do torneio, no entanto, será uma tarefa árdua num grupo que tem o Cruzeiro como a grande força. Mas este nem é o maior intuito do time. "Usamos a Copa São Paulo para ?medir a temperatura?, ver se o trabalho está no caminho certo", explica o gerente de futebol Marcelo Lucas, que tem experiência nas categorias de base de clubes de tradição como o Palmeiras. "Mas também temos olheiros em cada uma das 22 sedes para observar possíveis promessas." Quem coordena a iniciativa é o ex-jogador Pita. Tino para revelar talentos ele tem. Em 2000, treinava o São Paulo, campeão da Copinha. Naquela equipe estavam jogadores afirmados no futebol nove anos depois, como Kaká, do Milan, e Julio Baptista, da Roma. "O mercado está cada vez mais complicado", conta Pita. "Não podemos assinar contrato profissional com atletas que tenham menos de 16 anos. Acabamos perdendo alguns para outros clubes. Sem contar aqueles que escolhemos, mas vem um clube maior e banca." Pita lembra o caso de um jogador do América-RN, revelação da sua última viagem. "Acertamos tudo com a família do garoto e com o clube. Aí veio o Atlético-PR e deu R$ 50 mil para o pai. Levou na hora, fazer o quê?" O caminho para os jogadores novatos ainda é longo. Como a Federação Paulista de Futebol diminuiu a idade limite dos jogadores da Copa São Paulo de 20 para 18 anos, ficou mais difícil algum dos atletas que participam da competição agora mostrarem seu talento nos campeonatos estaduais logo em seguida. "Só um fenômeno conseguiria", diz Marcelo. Nada que tire a motivação de Guilherme, porém. O atacante marcou três gols na estreia e sonha com a Europa. Mas o futuro pode nem ser no futebol. A maioria dos jogadores do clube sequer se torna profissional de verdade, embora todos tenham contrato assinado agora - o salário médio é de R$ 1 mil. "Temos 100 garotos. Nem todos vingam. Ao menos saem formados como homens, pois aqui eles têm tudo, de escola a psicólogo". Mero consolo.

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