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Transferência de brasileiros para o exterior segue em alta

A cada ano aumenta o êxodo de jogadores para os mais diferentes países. Em 2008, houve um crescimento de 8,4% na saída de atletas em relação a 2007. Ministro do Esporte propõe novas regras para a ?exportação?

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Por Fábio Hecico e Amanda Romanelli
Atualização:

O futebol brasileiro não elegerá o melhor jogador do mundo de 2008. Também não comemorou o título da Libertadores ou do Mundial. Mesmo assim, segue em alta, principalmente no mercado europeu. As provas estão nos números. O êxodo de jogadores nacionais aumenta a cada ano. De 2005 (804 atletas) até 2008 (1.176), segundo a CBF, nada menos de 3.916 jogadores deixaram o País com o sonho de ganhar milhões de dólares e fazer seu pé-de-meia. O grande importador de brasileiros em 2008 foi o futebol português. Talvez empolgado com a grande alegria proporcionada pelo técnico Luiz Felipe Scolari enquanto dirigiu a seleção dos patrícios. Foram 209 jogadores negociados para Portugal. Cada time tem, pelos menos, dois brasileiros em seus elencos. Alguns, com enorme destaque. Liedson, do Sporting, é artilheiro e herói do time. Hélton defende o gol do Porto há alguns anos e o Benfica conta com a proteção do zagueiro Luisão e do lateral Léo. Alemanha e Itália são outros grandes centros dominados pelo verde-amarelo. Zé Roberto até hoje faz grande sucesso no Bayern de Munique, Julio Cesar, Mancini, Maicon e Adriano (este em um momento de baixa) podem levar a Internazionale ao tetracampeonato italiano, enquanto o Milan aposta em Dida, Emerson, Kaká, Ronaldinho Gaúcho e Alexandre Pato para, como em 2007, conquistar a Liga dos Campeões da Europa e o Mundial de Clubes. A força brasileira é tão grande que basta olhar todas as seleções para uma constatação: muitas têm jogadores brasileiros naturalizados defendendo suas cores. A mais nova a tentar aumentar esse retrospecto é a campeã mundial Itália, de olho nos gols de Amauri, da Juventus. O técnico Marcelo Lippi já adiantou. "É só ele se naturalizar. Conto com ele. E como." Para evitar o esvaziamento cada vez mais cedo dos campeonatos nacionais, o ministro do Esporte, Orlando Silva, está pedindo uma revisão na Lei Pelé e também enviou uma solicitação à Fifa para que as leis de contratação de estrangeiros seja modificada. O principal pedido do ministro é de que os jogadores só possam deixar seus países quando completarem 21 anos e não mais com 18, como funciona atualmente. Exemplos não faltam. Alexandre Pato foi contratado pelo Milan ainda em 2007, mas como tinha apenas 17 anos, só pôde estrear em janeiro deste ano. Algo semelhante aconteceu com Diogo, da Portuguesa. Ele teve de esperar a maioridade para defender as cores do Olympiakos, da Grécia. Outro bom exemplo é o jovem Alípio, de 16 anos, contratado pelo Real Madrid no mês passado. Mesmo jovem, ele já desfilava em gramados europeus: defendia o português Rio Ave. "Hoje, um jogador faz uma temporada boa e na outra está sendo negociado para a Europa. Isso tem de acabar, os clubes precisam fazer alguma coisa", vem implorando, com frequência, o técnico Vanderlei Luxemburgo, que, em 2008, perdeu peças-chave no Palmeiras, casos do zagueiro Henrique, contratado pelo Barcelona, e do meia chileno Valdivia, que trocou o Brasil pelos Emirados Árabes. Por R$ 20 milhões, ele trocou o Palestra Itália pelo Al Ain, no meio da temporada. Também do meio do ano, o Flamengo, então líder do Campeonato Brasileiro, sofreu duro golpe ao perder seu trio ofensivo, formado por Renato Augusto, Marcinho e Souza. Os negócios renderam R$ 30,5 milhões aos cofres rubro-negros, mas, no fim do ano, custaram até vaga na Taça Libertadores. A saída de Renato Augusto (para o Bayer Leverkusen) foi a maior transação no meio da temporada. O clube da Gávea lucrou com o camisa 10, R$ 25,3 milhões, ficando atrás, em 2008, apenas para a saída do zagueiro Breno, do São Paulo. A revelação do Brasileiro de 2007 acabou negociada em janeiro por R$ 33,7 milhões para os alemães do Bayern de Munique. Um mercado internacional que começa a ver com bons olhos os jogadores brasileiros é o inglês. Nos últimos anos, a transferência dos atletas para o país da rainha Elizabeth ganhou considerável aumento. Todos os grandes clubes daquele país contam com uma estrela canarinha no seu elenco. Domingo, o lateral-direito Rafael e o volante Anderson deram a volta olímpica no Estádio Internacional de Yokohama, para comemorar o Mundial de Clubes com o Manchester United. E, na Premier League, o Liverpool, do goleiro Diego Cavalieri, e o Chelsea, de Mineiro e comandado por Luiz Felipe Scolari, disputam, ponto a ponto, a primeira colocação. O Arsenal, do volante Denilson, também luta pelo topo. Só quem decepciona é o rico, mas modesto Manchester City, de Robinho, Elano e Jô. Mesmo assim, a Robinhomania é grande na cidade. Até o Usbequistão descobriu a nossa ginga e magia. Na beirada do campo, Zico orienta o bicampeão nacional, enquanto, dentro dele, o craque Rivaldo garante a alegria do torcedor com dribles, passes precisos e gols. O nome é Brasil, mas pode chamar de fábrica de craques.

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