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Treino faz ‘gigante’ brasileiro se destacar na ginástica artística

Chico Barretto tem 1,75m e vai bem no esporte dominado por ‘baixinhos’. Ouro por equipes com o Brasil, ele quer mais

Por Paulo Favero e enviado especial a Lima
Atualização:

Francisco Barretto tem quase 30 anos e com seus 1,75 m de altura é considerado muito “alto” para a ginástica artística. Mas o atleta de Ribeirão Preto sempre compensou o “excesso” de tamanho em uma modalidade dominada por baixinhos com muito treino. Nos Jogos Pan-Americanos, ele conquistou sua segunda medalha de ouro por equipes (a outra foi em 2011) e agora sonha em ganhar um pódio no individual – ele disputa as finais do cavalo com alça hoje e barra fixa amanhã. “Eu não tenho uma medalha individual. É um grande sonho que sempre tive, um objetivo grande individual. Tenho vontade grande de ser medalhista pan-americano em algum aparelho. Vou tentar fazer meu melhor. Em Toronto estava nas finais da paralela e no cavalo, mas acabei não subindo ao pódio”, explicou o rapaz.

Francisco Barretto já conquistou um ouro no Pan e quer mais Foto: Alexandre Loureiro/COB

Nascido em Ribeirão Preto, ele não perdeu o sotaque do interior paulista e conseguiu fazer com que a altura grande para os padrões de sua modalidade pudesse ser usada a seu favor. “Sou um pouco alto para fazer argolas, ou o individual geral, pois tenho um pouco dificuldade na questão da rotação, peso, ângulo para a argola é mais difícil, porém alguns aparelhos facilitam, como o cavalo ou a barra fixa, que têm uma amplitude de movimento e embalo maiores”, disse. Ele conta que sempre precisou treinar o dobro de quem é mais baixinho, que costuma ter mais facilidade na maioria dos aparelhos. “Fiquei no esporte pela persistência e pelo amor à ginástica. Tive muita dificuldade e precisei treinar muito mais que muitas pessoas para eu poder chegar a determinado movimento. Os mais altos começam a desistir, pela dificuldade que é. Assim a ginástica vai selecionando seus atletas”, afirmou.

Ele é o mais velho da equipe que ganhou o ouro no domingo. Até por isso ele assume a responsabilidade diante do grupo e, junto com Arthur Zanetti, ajudam os mais novos sempre que é necessário. “A experiência conta um pouquinho. Os meninos mais novos estão chegando, são bons, com perspectiva de melhora para o futuro, para 2023 quem sabe podem estar representando novamente no lugar mais alto”, comentou. Chico considera que é preciso festejar o primeiro lugar por equipes, mas que ainda existem muitas disputas de finais por aparelhos e o grupo precisa se manter focado. “Fizemos só uma parte do nosso objetivo.” Ele também não quer falar sobre até quando pretende competir. Considera que fisicamente está bem e espera ajudar o Brasil a conquistar a vaga olímpica nos Jogos de Tóquio. No Mundial, que será disputado em Stuttgart, na Alemanha, a seleção vai brigar por uma das nove vagas disponíveis. “Me sinto muito bem competindo. Venho cuidando das lesões, pois isso todos atletas têm, mas não tenho um ponto final. Gosto muito da ginástica artística, não me vejo fora, me sinto bem e vou até onde o corpo e a cabeça permitirem. A parte mental é mais importante até que a física. A exaustão da mente é pior. Enquanto eu tiver dando resultados para o País, vou continuar no esporte”, avisou.

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