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Três perguntas para Julian Romero

Líder da oposição à CBDA diz que há descontentes com a gestão mas eles não se manisfestam

Por Valeria Zukeran
Atualização:

SÃO PAULO - Julian Romero não tem grandes ilusões. Sabe que atualmente é difícil consolidar uma oposição à atual gestão da natação brasileira. Do Canadá, onde mora, ele explica os motivos que o levaram a criar uma chapa para disputar a eleição da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e sobre sua luta para que a escolha dos dirigentes seja mais democrática.

 

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Estado - O que fez com que concordasse em capitanear uma chapa de oposição na eleição da CBDA?Não sou político, sou jornalista. A história começou como um movimento "Muda CBDA": queria incitar o lançamento de uma chapa de oposição por qualquer um dos presidentes de Federação . Ou qualquer outra pessoa. Para mim, no fim de outubro quando lancei o movimento na internet e Facebook, o importante era que houvesse uma eleição propriamente dita, não o que aconteceu nos últimos 23 anos: uma simples confirmação da permancência no cargo, que Coaracy se gaba em dizer que foi por "aclamação", ou pior, por "unanimidade". Aliás, a própria história de Coaracy na CBDA começou sem ter eleição também: veja aqui. Além disso, se houvesse um nome bem melhor que o meu (o que não é difícil encontrar), quem não estivesse satisfeito com a situação atual teria como agir democraticamente, não votando no atual presidente, mas sem oposição alguma, nem ao menos existe eleição! Então veja, como o movimento nasceu pra incitar a criação de uma chapa, e o prazo de 16 de novembro foi se aproximando - prazo para registro da candidatura - decidi, junto com o apoio de amigos, oficializar a candidatura. Foi preciso mostrar que alguém precisava começar a expor publicamente sua insatisfação com a gestão atual. Trazer holofote a um assunto importante que envolve um dos esportes mais vitoriosos no país, mas que padece de gestão inteligente, aplicando planejamentos em médio e longo prazo e buscando sempre fontes de receita que não dependam quase que exclusivamente de verbas governamentais.

 

Como é a adesão por parte de dirigentes, nadadores e ex-nadadores? A adesão pública é mínima. Poucos se expõem publicamente para apoiar este movimento ou ao menos seu descontentamento com a CBDA. São atletas, presidentes de federações e técnicos que estão sim descontentes com o jeito de gerir a CBDA há pelo menos 6 anos. Eles tem muito a perder e nada a ganhar. Não pode ser assim, senão perpetuamos uma pessoa no poder só porque ela tem poder. Não é porque está errado é que tem que se aceitar tudo só porque "a CBDA paga". Parece que os atletas - principalmente eles, já que pra mim este movimento é para dar melhor estrutura a eles - estão muito olhando o próprio umbigo e esquecendo da comunidade, estão agindo individualmente...

 

O Eduardo (Fischer, seu advogado) explicou que vocês consideram mínimas as chances de vencer e que o objetivo principal é consolidar uma oposição mas, considerando a hipótese de vitória, quais seriam as principais mudanças que gostariam de fazer na CBDA?Sou realista. Estou dando um passo de cada vez. Primeiro era o registro da chapa. Depois é fazer existir a eleição dia 9 de março. Não existe razão em expor qualquer plano futuro, porque felizmente estamos tentando agir no presente. Mas uma coisa tenho certeza que tentaria mudar (já que o presidente da CBDA não tem poder pra isso, mas sim a Assembléia): a função e duração do presidente da entidade. O presidente não pode ser mais centralizador de ações, a confederação deve ser tratada como uma empresa, não como um terreno de propriedade privada. Ela deve impor-se objetivos realistas e a longo prazo que não dependam exclusivamente de dinheiro público. Como entidade nacional, deveria se preocupar em fazer manter e ampliar os esportes aquáticos, não focar quase 50% de sua verba em natação de alto rendimento porque está sendo pressionada para ganhar medalhas olímpicas. Está faltando tornar a CBDA como um gestor do esporte, não de pessoas (atletas e técnicos).

 

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