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Ucrânia faz história ao ganhar ouro nos Jogos de Sochi

Medalha foi a segunda dourada do país, que vive momentos delicados de crise e guerra civil

Por AE
Atualização:

SOCHI - Mesmo com o país em crise, com disputas políticas que quase levaram a uma guerra civil, o esporte deu motivos para os ucranianos comemorarem nesta sexta-feira. Com uma surpreendente vitória na prova do revezamento feminino do biatlo (modalidade que combina esqui cross country com tiro), a Ucrânia conquistou a sua segunda medalha de ouro na história dos Jogos Olímpicos de Inverno - antes de Sochi, o único título era de Oksana Baiul, que ganhou a patinação artística na edição de Lillehammer em 1994.A crise na Ucrânia, que já dura cerca de três meses, ficou mais intensa nesta semana, após as forças de segurança tentarem esvaziar na última terça-feira a Praça da Independência na capital Kiev - ou "Euromaidan" (Praça da Europa), como foi rebatizada pela oposição ao presidente do país, Viktor Yanukovych. Desde então, os confrontos já provocaram a morte de pelo menos 67 pessoas.

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Diante desse cenário, a esquiadora ucraniana Bogdana Matsotska decidiu abandonar a disputa dos Jogos de Sochi na quinta-feira, alegando que não poderia competir enquanto "as pessoas estão morrendo no meu país". Presidente do Comitê Olímpico da Ucrânia, o ex-atleta Sergei Bubka chegou a pedir que os atletas mantivessem a união e a concentração na competição. E o histórico ouro veio nesta sexta.O título do revezamento veio com a equipe formada por Juliya Dzhyma, Olena Pidhrushna, Valj Semerenko e Vita Semerenko - esta última atleta já tinha conquistado a única medalha da Ucrânia em Sochi, com o bronze na prova de sprint do biatlo. Após a notícia do ouro olímpico, os parlamentares em Kiev chegaram a interromper as acaloradas discussões políticas por um momento para comemorar."É uma grande prova de como o esporte pode unir a nação. Momentos após as meninas ganharem o ouro, o Parlamento na Ucrânia parou as discussões", afirmou Bubka. "Estou muito orgulhoso. Essa garotas alcançaram um grande feito, que nós realmente precisávamos para o povo ucraniano."

 

 

Além do ouro da Ucrânia, foram distribuídas mais seis medalhas de ouro nesta sexta-feira em Sochi. Os títulos ficaram com a norte-americana Mikaela Shiffrin (slalom do esqui alpino), a canadense Marielle Thompson (cross do esqui estilo livre), o russo Victor An (500 metros da patinação de velocidade), a sul-coreana Park Seung-Hi (1.000 metros da patinação de velocidade), a equipe masculina da Rússia de patinação de velocidade (revezamento de 5.000 metros) e a equipe masculina do Canadá (curling).Assim, a Noruega continua na liderança do quadro de medalhas de Sochi, agora com 10 de ouro, quatro de prata e oito de bronze. A anfitriã Rússia aparece em segundo lugar, com nove de ouro, 10 de prata e sete de bronze. E o Canadá vem em terceiro, com nove de ouro, 10 de prata e cinco de bronze.FLAGRADOS O dia em Sochi também foi marcado pelos dois primeiros casos de doping da competição: a alemã Evi Sachenbacher-Stehle, do biatlo, e o italiano William Frullani, do bobsled.Sachenbacher-Stehle conquistou duas medalhas de ouro e três de prata em edições anteriores dos Jogos de Inverno, quando competiu no cross-country. Agora no biatlo, ela disputou em cinco provas em Sochi, mas não subiu ao pódio. A substância proibida encontrada em seu organismo foi o estimulante methylhexanamine, mas a atleta de 33 anos alegou inocência e culpou um suplemento alimentar.Frullani, por sua vez, testou positivo para o estimulante dymetylpentylamine durante um exame realizado antes de sua prova no bosbled. Afastado da competição por causa do doping, o atleta de 34 anos foi substituído por Samuele Romanini na equipe italiana que competirá no domingo.

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