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Uefa teme que jogadores possam estar envolvidos

Atletas da Sérvia teriam feito gestos de incitação aos torcedores. Técnico italiano diz que eles só tentaram esfriar os ânimos

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Por Jamil Chade e De Genebra
Atualização:

Parte dos jogadores da seleção sérvia poderia estar envolvida nos distúrbios. É o que preocupa a Uefa. Alguns deles teriam se dirigido aos torcedores e feito o gesto que simboliza a "Grande Sérvia", ideia dos ultranacionalistas que pedem a anexação de volta não apenas do Kosovo, mas também da Bósnia e da Croácia. Nos anos 90, a dissolução da Iugoslávia acabou resultando na pior tragédia europeia desde a Segunda Guerra Mundial, com milhares de mortos e ocorrências de genocídios. Ontem, informações transmitidas à Uefa indicaram que alguns jogadores mostraram com as mãos o símbolo dos nacionalistas sérvios, incitando ainda mais a violência. O técnico da Itália, Cesar Prandelli, defendeu os jogadores, dizendo que eles foram aos seus torcedores tentar acalmá-los e não fazer gestos de incentivo à baderna. "Eles estavam com medo de seus próprios torcedores", declarou. O goleiro titular, Vladimir Stojkovic, chegou a ser atingido por um foguete e optou simplesmente por não jogar, temendo mais ataques. Mas o futebol foi de fato usado no passado como local de recrutamento de guerrilhas na Sérvia. Um dos líderes da guerra foi Zeljko Raznjatovic, que se valeu de sua posição entre os torcedores do Estrela Vermelha, de Belgrado, para recrutar centenas de pessoas para cometer atrocidades na Croácia e na Bósnia nos anos 90. Ele acabou sendo assassinado em 2000, depois de ter sido indiciado por crimes contra a humanidade. Negligência? Ex-jogadores, como Savo Milosevic, acusam o governo de ter negligenciado a existência de hooligans no futebol sérvio por 20 anos e apontam que, agora, a situação está fora de controle.

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