Última chance

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Por Eduardo Maluf
Atualização:

Lanço uma enquete. O que é pior: o Corinthians ser eliminado pelo Tolima na pré-Libertadores, o Palmeiras sofrer 6 a 0 do Coritiba ou o São Paulo cair na Copa do Brasil diante do fraco Avaí? Os resultados fizeram estragos consideráveis nos clubes. Há muito tempo o trio de ferro não iniciava tão mal uma temporada, e a única solução para salvar o ano é a conquista do título brasileiro. Vexame, vergonha, decepção, papelão... Qualquer dos termos utilizados pelos torcedores pode ser empregado sem exagero para descrever o desempenho dos três. Eles tiveram cinco meses de times pequenos e alguns momentos de equipes de várzea. O Corinthians chegou à final do Paulista porque venceu o Palmeiras nos pênaltis na semifinal de um campeonato de apenas quatro candidatos à taça. Mas em nenhuma ocasião foi capaz de driblar sua fragilidade. O Santos entrou na decisão com tremendo favoritismo e confirmou em campo a vantagem técnica. Chamou a atenção o fato de os corintianos terem criado só duas chances de gol em 90 minutos na Vila. O título foi para a Baixada sem sustos, embora os santistas tivessem viajado para a Colômbia no meio de semana e disputado a finalíssima sem Ganso. Andrés Sanchez não se preparou para a inesperada queda na pré-Libertadores - o elenco, aliás, não levou a sério o confronto com o Tolima e paga até hoje alto preço. Perdeu Ronaldo, Roberto Carlos, Jucilei, e já havia negociado Elias. O torcedor não deve esperar grande coisa no Brasileiro, se a diretoria não continuar correndo atrás de boas contratações, como foi a de Alex, ex-Inter. Outra questão a consumir boa parte das energias da cúpula alvinegra é o tão falado Itaquerão. Andrés, pergunte a seus torcedores se eles preferem grandes títulos ou o estádio da abertura da Copa do Mundo. É óbvio que uma arena na Copa resulta em dinheiro, visibilidade, exposição na mídia, patrocínio, etc... Mas não tenho dúvida de que um jogo do Brasil na estreia do Mundial não apagará em nada a tristeza da Fiel pelas seguidas derrotas desde o ano passado. O Palmeiras, para mim, vive a situação mais delicada do trio. Arnaldo Tirone, em entrevista ao Jornal da Tarde e ao Estado, escancarou seu descontentamento com Valdivia (e tem motivos para isso), criticou o racha político no clube e falou da preocupação com a parte financeira. Um presidente, claro, tem de tomar cuidado ao expor questões internas, mas o desabafo reflete a (triste) realidade no Palestra Itália. Sem dinheiro, fica difícil a chegada de grandes nomes e mais difícil ainda uma boa campanha no Brasileiro. Entre os três, o São Paulo tem o melhor elenco. Mas o fato é que começa a competição da pior maneira possível. Depois de ter praticamente descartado Carpergiani, Juvenal Juvêncio resolveu mantê-lo no cargo, sem nenhuma convicção. O experiente treinador, um dos sujeitos mais respeitosos e educados que conheci no futebol, perdeu o comando do grupo. Vem sendo criticado, pasmem, até por Marlos, o jogador que mais provoca irritação no torcedor. Por mais que Carpegiani seja sério e trabalhador - e o mercado ofereça poucas opções -, apostar nele é um alto risco. Em fevereiro, estive no Morumbi para um almoço com Juvenal. Na conversa, o presidente me confidenciou ter cometido um erro em 2010: Ricardo Gomes. Afirmou que deveria ter trocado o técnico antes da semifinal da Libertadores, contra o Internacional, pois estava claro que o time não tinha padrão de jogo nem força ofensiva. Resolveu, porém, dar-lhe a chance de enfrentar os gaúchos. Tarde demais. Será que Juvenal não está repetindo o erro? Erro, também, é ficar com Rivaldo. Sua atitude de dizer que se sentiu humilhado por não ter enfrentado o Avaí não foi normal. O meia desrespeitou colegas e comissão técnica. E, embora tenha sido craque, hoje, com 39 anos, seria mais útil como auxiliar técnico ou dirigente do que atleta. O São Paulo tem alguns bons jogadores e pode ir longe no Brasileiro, já que ninguém (talvez com exceção do Santos) empolga no País. Mas, antes, precisa fazer voltar a ordem no clube.

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