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Um ano especial para Robert Scheidt

Por Agencia Estado
Atualização:

O ano de 2004 não foi o que Robert Scheidt conquistou o maior número de títulos, mas certamente foi o mais vitorioso de sua carreira. O ouro deste domingo em Atenas foi seu 10º da temporada em 10 campeonatos disputados na classe Laser. Aos 31 anos, 22 de carreira, Scheidt tem agora 110 títulos. Desde que começou a velejar, ainda criança (foi bicampeão sul-americano infantil de Optimist, em 1985 e 1986), Scheidt colecionou conquistas em outras cinco classes. Ao todo são 95 na Laser, sua especialidade, quatro na Snipe, duas na Star, uma na Finn e seis na Oceano. Em 2004, Robert dominou os campeonatos nacionais e, sem maiores dificuldades, foi decacampeão brasileiro, hexacampeão do Centro-Sul-Americano e tetra do Sudeste Brasileiro, quando deu o primeiro troco no português Gustavo Lima, que o derrotou no Mundial de Cadiz, na Espanha, em 2003. Ele venceu ainda o Cricket Match Race e a Pré-Olímpica de Búzios, confirmando vaga para os Jogos de Atenas. Em abril, Robert viajou para a Europa em busca do heptacampeonato mundial na Turquia e de confiança para a Olimpíada de Atenas. O primeiro desafio foi a Semana Olímpica Francesa, em Hyères, uma das principais competições da vela no mundo e que o brasileiro nunca tinha vencido. Com o título garantido na França no último dia de provas, Scheidt completou o Grand Slam da Vela, formado também pelas Semanas de Kiel, na Alemanha, e de Spa, na Holanda. Num exemplo de reverência ao talento do brasileiro, o site oficial da Semana de Hyères publicou: ?Scheidt provou mais uma vez que Pelé não é o único rei brasileiro?. Depois da França veio o Mundial de Bodrum, em maio, na Turquia, onde o velejador foi heptacampeão, repetindo as conquistas de Tenerife/Espanha-95, Cidade do Cabo/África do Sul-96, Algarrobo/Chile-97, Cancun/México-2000, Cork/Irlanda-01 e Cape Cod/EUA-02. O sétimo título mundial comprovou o domínio de Scheidt na competição e deu-lhe ânimo para a Olimpíada. ?Reconquistar o título mundial é até melhor do que defendê-lo?, disse na época. ?A derrota de 2003 para o Gustavo Lima foi ótima para mim, pois coloquei os pés no chão e me preparei com muito mais afinco para as próximas competições.? De volta ao Brasil para participar da primeira etapa do Match Race Brasil, Scheidt retornou à Europa para disputar a Semana de Kiel, na Alemanha. Apesar do frio e do início irregular, o líder do ranking mundial mostrou toda sua habilidade outra vez e garantiu o tricampeonato com apenas dois pontos de vantagem sobre o austríaco Andreas Geritzer, seu grande rival na Olimpíada. Depois de Kiel, Scheidt velejou durante uma semana em Atenas em mais uma etapa da preparação para a Olimpíada. Foi a terceira vez que o brasileiro teve contato com os ventos e a correnteza de Atenas. Em 2002, na Semana Pré-Olímpica grega, um teste para os Jogos, Robert foi apenas 12º colocado. No ano passado, mais adaptado às condições de vento, ele foi campeão. Além de treinar, pela primeira vez na carreira Scheidt disputou o Campeonato Grego, cujas regatas aconteceram bastante próximas da raia olímpica de Agios Kosmas. E foi campeão também. De volta ao Brasil, o velejador admitiu o favoritismo, prometeu muito empenho e reconheceu que sabe lidar com a pressão. ?Eu velejo melhor quando pressionado. Sempre foi assim. Hoje estou com o mesmo preparo dos Jogos de Sydney, mas com quatro anos a mais de experiência.? Em quantidade, 1995 e 2002 foram os anos mais vitoriosos na carreira de Robert Scheidt: 11 conquistas. Mas nada supera os títulos olímpico, mundial e das Semanas de Kiel e de Hyères de 2004. No dia 1º de agosto, o mais vitorioso atleta brasileiro em atividade embarcou para Atenas prometendo trazer na bagagem uma medalha olímpica, ?não importa de que cor?. Esta semana ele chega ao país com a mais importante das três. Euforia -?É uma sensação indescritível. Ser bicampeão olímpico é uma coisa muito grande?, afirmou Scheidt neste domingo quando terminou a regata . ?É uma coisa até difícil de pensar. Tenho um currículo muito importante e devo isso a uma série de pessoas. Se pudesse, daria um pedaço dessa medalha para minha família, meus patrocinadores e meu treinador Cláudio Biekarck.? Em Atenas, a classe Laser foi disputada pela terceira vez na história. A primeira foi em Atlanta, quando Scheidt foi medalha de ouro, o inglês Ben Ainslie ficou com a prata e o norueguês Peer Moberg foi bronze. Em Sydney, Scheidt e Ainslie trocaram de lugar no pódio, e o bronze ficou com Michael Blackburn, que terminou os Jogos de Atenas em 9º. Agora na classe Finn, Ainslie foi bicampeão olímpico no sábado, prova de que somente um velejador do nível dele pode superar Robert Scheidt. Scheidt deve retornar ao Brasil nesta semana e sua próxima competição será a segunda etapa do Match Race Brasil, prevista para Ilhabela, de 16 a 19 de setembro.

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