Um GP sem chuva!

PUBLICIDADE

Por Reginaldo Leme
Atualização:

O que choveu em duas das três primeiras corridas deste ano já foi mais do que a chuva que caiu em todo o campeonato do ano passado. Mas em pleno deserto de Sakhir não vai ter água neste fim de semana durante o GP do Bahrein. Quem garante é a meteorologia das equipes e não o simples fato de ser um deserto, porque durante a corrida do ano passado chegou a cair uma garoa. Depois que a etapa do Mundial de Moto de domingo passado no Catar, também em pleno deserto, teve de ser adiada para segunda-feira de tanta água que caiu, todos ficaram preocupados. Exceto, claro, Sebatian Vettel e Mark Webber, os donos da dobradinha na China. Com a pista seca e temperaturas acima dos 33 graus centígrados, como se espera desde o primeiro treino livre da manhã de hoje, os carros da Brawn voltam a ser os mais fortes, e os da Toyota têm mais chance que os da Red Bull, vencedores no domingo. São estas as três equipes mais preparadas neste momento. O carro da Williams, que tem sido muito veloz nos treinos, precisa ser mais resistente nas corridas. Mas, se este é um ano dos novos carros vencedores, que tal uma volta da Williams ao alto do pódio? Foi nesta pista que o Nico Rosberg fez uma ótima estreia na F-1 em 2006, chegando em sétimo e marcando a melhor volta, fato que foi comemorado pelo papai Keke até altas horas com uma bebida batizada de "White Moscou", mistura de Amarula, vodka, café e leite, que ele nos ensinou a tomar. A cada brinde, nova olhada na surrada folha de papel que Keke trazia do autódromo com a lista das voltas mais velozes do GP - Nico em primeiro, com Michael Schumacher em segundo. As mudanças já começaram nas grandes equipes. Mesmo sem tempo de fazer muita coisa de uma corrida para outra, a Renault já usa um difusor traseiro de dupla saída de ar para os carros de Alonso e Nelsinho. A Ferrari traz de volta o kers, embora ainda deva avaliar o que vale mais na pista barenita - a força extra do kers ou uma boa distribuição de peso dos carros que correm sem ele. A McLaren, sem dúvida, aposta na eficiência do kers nas longas retas de Sakhir. Já a BMW entra na corrida sem grandes ambições, segundo Nick Heidfeld, por falta de atualizações em um carro que até estreou bem, mas não evoluiu. Com o GP do Bahrein, a F-1 encerra esta fase inicial do campeonato, marcada até agora por duas dobradinhas que, cinco semanas atrás, eram consideradas inviáveis. Depois da primeira, conquistada pela Brawn na Austrália, esta última da Red Bull, mais uma equipe que nunca havia vencido, serve também para mostrar que um difusor sozinho não faz milagre. A Red Bull não tem difusor nem kers, mas tem um grande carro e chegou à vitória impulsionada pelo talento deste novo garoto prodígio Sebastian Vettel, que só subiu ao pódio duas vezes, ambas em primeiro lugar, e, com apenas 29 GPs disputados, já fez história ao levar duas equipes diferentes à primeira vitória no Mundial. Vettel é um dos seis pilotos que recebem menor salário, o que é natural por estar ainda em início de carreira. Mas já é um dos mais valorizados. Tanto que o austríaco Dietrich Mateschitz, dono da equipe, se apressa em dizer que o passe do alemão, com contrato até 2010, não está à venda. O meu palpite é que a Mercedes-Benz, que nunca pôde ter Schumacher ao seu lado na F-1, por nada deste mundo deixa o bonde passar de novo à sua frente.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.