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União e Fifa unem-se para 'fritar' Ricardo Teixeira

Estratégia é aproximar-se dos inimigos do cartola e deixá-lo mais distante das decisões

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Por Redação
Atualização:

ZURIQUE - A Fifa e o governo brasileiro lançam operação para afastar Ricardo Teixeira das decisões da Copa de 2014 e fechar acordo sobre os pontos pendentes até março. Na segunda-feira, Pelé, com um mandato da presidente Dilma Rousseff, se reuniu com a cúpula da Fifa, em Zurique. Nesta terça, foi a vez do presidente da entidade, Joseph Blatter, receber de forma discreta o deputado Romário para discutir a aprovação da Lei Geral da Copa no Congresso e uma estratégia de colaboração. O Estado apurou que Romário e Blatter tentarão montar um grupo formado por integrantes do Congresso, um representante de Dilma, o ministro do Esporte e o ministro da Fazenda para, nas próximas semanas, fechar um acordo. A CBF não estará representada.O grupo trabalharia para que, em março, Blatter e Dilma possam anunciar o entendimento em um evento em Brasília. "Chegou a hora de fechar um acordo", afirmou Romário ao Estado, quando deixava a reunião. Blatter e Teixeira estão envolvidos em uma verdadeira guerra pelo poder. O suíço ameaça divulgar documentos que mostrariam subornos ao brasileiro. Teixeira, por sua vez, além de ter em mãos o maior evento da Fifa - a Copa do Mundo - ameaça implicar Blatter nos escândalos. A estratégia da Fifa passou a ser a de se aliar a antigos e atuais desafetos de Teixeira, principalmente entre os jogadores, como forma de afastá-lo gradualmente das decisões. No Palácio do Planalto, a presidente Dilma mantém relação mais distante com Teixeira que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A opção de Dilma foi a de passar a tratar diretamente com a Fifa. Nesta terça, o Estado revelou que Pelé chegou a declarar que havia chegado para "apagar o fogo" e que tinha autorização de Dilma para fazer um acordo com a Fifa. Romário contou que foi a entidade que o procurou, em mais um sinal de que Blatter está ativamente buscando os desafetos de Teixeira.AFASTAMENTO Sobre o futuro do presidente da CBF, tanto Romário como a Fifa insistem que o cartola não teria mais condições de continuar liderando os trabalhos para a Copa. Romário garante que não falou sobre o assunto com Blatter. Mas mantém posição dura."Ele (Teixeira) deveria pedir um afastamento para tratar da sua saúde e nesse período chegaríamos a acordos com a Fifa", explicou Romário. "Assim, quando ele voltar, se é que ele voltará, teremos tudo solucionado." Romário defende que o Comitê Organizador Local (COL) seja liderado por um técnico, auxiliado por cinco ou seis ex-jogadores. "Isso da credibilidade." CÚPULA BOLEIRA Do lado da Fifa, a posição é parecida. Jogadores como Cafu e Zico são cotados para fazer parte do novo grupo que tomaria o poder para organizar o Mundial. A notícia sobre o envolvimento eventual de Cafu chegou até a Itália. Ontem, o diretor de esporte do Milan, Umberto Gandini, buscava confirmação sobre a notícia que já estava circulando na Fifa. A CBF garante que Teixeira participará das reuniões que o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, conduzirá no Brasil na semana que vem.Enquanto o novo grupo não é formado, Romário deixa claro que todos terão de ceder para que haja um acordo. O deputado levou a Blatter uma carta do presidente do Senado, José Sarney, e insistiu que o Brasil não aceitará algumas das exigências impostas pela Fifa no setor de marketing e ingressos. Um dos pontos que Romário exige mudança é na questão dos ingressos para idosos. A CBF prometeu 32 mil entradas gratuitas para deficientes e ainda a meia-entrada para idosos. "Mas o setor escolhido para essa redução é um dos mais caros", explicou o deputado. Romário garante que o gesto da CBF de fazer a doação de ingressos e ajudar os idosos não será suficiente para que ele fique satisfeito. "Essa doação foi apenas um detalhe", disse. Outra questão em aberto é a multa que a Fifa quer cobrar de torcedores que comprarem entradas e não aparecerem nos estádios. "Não vamos aceitar isso", afirmou. Para Romário, o problema é que o acordo entre CBF, Fifa e governo foi assinado há quatro anos. "Desde então, novas leis entraram em vigor no País", explicou.O craque garantiu que os cartolas da Fifa mostraram disposição em adequar suas exigências às leis nacionais. "Saio satisfeito e com a garantia da Fifa de que estão dispostos a sentar e superar o impasse. A Fifa entendeu que as coisas mudaram no Brasil. Vamos ter um acordo que não vai prejudicar nem a Fifa e nem o Brasil."

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