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Urbanistas apontam as falhas do Rio

Por Agencia Estado
Atualização:

Além da segurança, outro ponto que motivou a saída do Rio da disputa para organizar os Jogos Olímpicos de 2012 foi a questão de infra-estrutrura. Dois conceituados urbanistas consultados pela Agência Estado foram unânimes em afirmar que o principal erro dos cariocas foi o de pensar que uma Olimpíada resolveria todos os problemas da cidade. Para o professor titular do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ippur/UFRJ), Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro, questões como transporte, habitação e poluição ambiental são problemas de difícil solução. Ele apontou a falta de políticas públicas como um dado agravante da situação. "O Rio vive um crise civilizatória, uma crise social profunda. Alimentar a idéia de que uma Olimpíada resolveria tudo isso é até um certo descaso", frisou Ribeiro. "São problemas que não se resolvem assim. Levariam pelo menos uma década para amenizá-los." Para o professor do Ippur/UFRJ, antes de se lançar em outra "aventura olímpica", o Rio precisa, por exemplo, aumentar a oferta de transporte público e regular o setor privado. A despoluição da Baía de Guanabara e os problemas de habitação também foram citados por Ribeiro. Conselheiro Nacional do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Carlos Fernando Andrade foi incisivo ao criticar a atitude de comparar o Rio a Barcelona, que "renasceu urbanisticamente" após a realização da edição dos Jogos Olímpicos de 1992. Para ele, a cidade espanhola não poderia servir de exemplo aos cariocas, porque seus problemas eram de menor gravidade. "O grande equívoco foi o de imaginar que uma cidade despreparada como o Rio pudesse organizar uma Olimpíada. Precisamos pensar em transporte, meio-ambiente e segurança durante os 365 dias do ano e não somente para um evento", afirmou Andrade. "Quando perdemos a candidatura para ser a sede dos Jogos de 2004 (em 1996), todos esse problemas já tinha sido constatados. Estamos em 2004 e nada foi feito para resolvê-los" Ribeiro destacou que outro erro do projeto carioca foi o de querer realizar investimentos em projetos gigantescos, como a construção de linhas de metrô, transformações de linhas de trem em metrô de superfície e conexões marítimas ligando pontos estratégicos da cidade. "Existiam soluções baratas e algumas apresentadas eram desnecessárias", disse.

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