23 de julho de 2010 | 00h00
Mas é inegável que há coisa errada no Santos, que desandou com a parada forçada do Mundial. Nesse período, o ambiente na Vila deixou de ser descontraído, o time abandonou o encanto em alguma esquina e se viu acuado por assombração chamada mercado europeu. Na primeira investida, cedeu André para o intrépido futebol da Ucrânia. O rapaz ainda não foi embora, mas quase: nas vezes em que entrou em campo fez figuração.
Em seguida, despontou o Chelsea no horizonte de Neymar. O clube inglês costuma gastar dinheiro a rodo, vislumbrou oportunidade de investir numa promessa e fez sua proposta. Os milhões de euros mexeram com a cabeça do jovem e de seus representantes. Bagunçou o desempenho dele também: tem parecido um zumbi em campo.
Sei que o dinheiro movimenta o esporte e seria ingênuo achar que existe amor à camisa. Coisa antiga, reservada para exceções de praxe. Porém, se os que cuidam da carreira do Neymar botam fé em evolução, deveriam esperar mais um pouco. Amadurecimento e novas conquistas só farão valorizá-lo. Ou acham que é melhor não arriscar e aproveitar a maré favorável? Pois é, vai que o diamante não passe de vidro colorido...
Depois, se falou que Wesley também estava na mira dos gringos. O mesmo Wesley se desentendeu com Robinho por não gostar de uma brincadeira. Robinho está com a cabeça e os pés fora de lugar, desde a derrota para a Holanda em Port Elizabeth. E Dorival não esconde irritação com a perspectiva de ver desfeito o mais belo projeto de time que surgiu nos últimos anos no Brasil.
Acrescentem-se a ausência de Ganso, o maestro da equipe, distribuição de máscaras no elenco e está pronto o clima par entornar o caldo. A volta por cima é possível - e está aí a final da Copa do Brasil. Tomara que ressurja o futebol bonito e eficiente do Santos. Para alegria de quem gosta do esporte. Para tristeza dos abutres da vida.
Sobrevida. O São Paulo cozinha em fogo brando o cargo de Ricardo Gomes, mais em baixa no Morumbi do que buraco de metrô. Mas, por falta de opção no momento, a cartolagem tricolor decidiu não mexer na comissão técnica. Afinal, daqui a poucos dias haverá duelos com o Inter pela Libertadores. De quebra, mostra que é difereeeen-tche, como alardeia. Diferente, pero no mucho.
Santa ignorância. Prefeito de um vilarejo na Espanha inaugura escultura do polvo Paul, talismã do título mundial. Oportunismo e estupidez são universais e atemporais. Superstição não sai de moda. Esse polvo seria ingrediente suculento para uma paella. Mas cairia bem fritinho ou à doré.
Descontrole e covardia. Leão deveria estar mais do que maduro para parar com brigas de adolescentes. Mas parece que não aprende. O destempero dele, depois do empate com o Vitória, contagiou os jogadores do Goiás. Não é de estranhar a reação infantil e covarde de Rafael Moura, que bateu em repórter pelas costas e depois fugiu. Ué, se era tão macho por que saiu correndo em seguida?
Pinóquio à solta. Felipão fica bravo ao falar de seleção e garante que ninguém da CBF o procurou sequer para insinuar convite para substituir Dunga. Negativas também fazem parte do discurso de Mano Menezes e Muricy Ramalho. Parto do princípio de que os três dizem a verdade, pois é feio chamar alguém de mentiroso até prova em contrário. Mas tem gato na tuba, porque a CBF promete anunciar já o nome do eleito. Quem está a blefar com a opinião pública?R
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