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V-Max é campeão da Regata Eldorado

O veleiro baiano manteve a liderança da maior regata oceânica brasileira e venceu a prova com o tempo de 214h7m; "Quiricomba-Opportunity" chegou em 2º.

Por Agencia Estado
Atualização:

O veleiro baiano "Nautos/V-Max", de 50 pés, é o campeão da terceira edição da Eldorado-Brasilis, a maior regata oceânica brasileira. O barco cruzou a linha de chegada no Iate Clube do Espírito Santo às 21h44min30 de terça-feira, depois de 214h7min de competição, desde as 10h da manhã do dia 19 de janeiro, quando a regata largou na praia do Camburi, em Vitória. O percurso total é de 1.260 milhas náuticas (2.336 quilômetros). "Agora eu sei o que é fazer uma regata para valer. Isso não tem comparação com tudo que já fiz" disse o comandante, o administrador de empresas Kan Chuh, nascido em Taiwan e radicado há 35 anos em Salvador. O recorde da prova não foi quebrado e continua em poder de Ernesto Breda, do "Touché", que completou a regata do ano passado em 181h49min. Kan Chuh tem um invejável currículo de vitórias na vela oceânica brasileira. Já venceu a Semana de Vela de Ilhabela em 99, tem quatro primeiros lugares na regata Recife-Fernando de Noronha e ganhou provas como a Santos-Rio e Circuito-Rio. Nesta quarta-feira de manhã, no pier do Iate Clube, ele comentava com Fernando Luigi, da W60, organizador da prova, que pretende instalar um selo da Eldorado-Brasilis no mastro do veleiro. "Ganhar isso foi demais". Estratégia - O "Nautos/V-Max", curiosamente, nem contou com uma tripulação muito experiente, com exceção de Kan Chuh e dois marinheiros. Kan Chuh levou sua namorada, Patrícia Alves Souza, e o filho de 12 anos, Kim Kan. "Eu estava com medo porque tinha dois jornalistas a bordo. Achei que eles iam acabar exigindo muita atenção e atrapalhando um pouco. Mas foi o contrário. Eles participaram muito bem da regata", disse o comandante. Os jornalistas do veleiro, Alexandre Haddad, da ESPN Brasil, e Leonardo Papini, da revista "Náutica", gostaram do teste. Principalmente Papini que nunca tinha participado de uma competição do gênero. Haddad já é mais experimentado em travessias oceânicas. A Eldorado-Brasilis tem o patrocínio da Wall Street Institute, Business School São Paulo e Stremo Corretora de Seguros. Os ventos da primeira parte da prova, entre Vitória e a Ilha de Trindade, foram muito fracos e não permitiram que o recorde do ano passado fosse superado. Na volta para a capital do Espírito Santo, entretanto, o vento forte compensou em parte o tempo perdido na ida. "Eu passei a terça-feira rezando. O Quiricomba-Opportunity estava muito perto e poderia nos ultrapassar", disse Kan Chuh. Disputa - O "Quiricomba-Opportunity", do Grêmio Naval da Marinha, brigou muito tempo com o "Nautos/V-Max". Na ida, o barco da Marinha chegou a ultrapassar o veleiro baiano e chegou a Trindade apenas com 12 minutos de diferença. Para o capitão-de-corveta Paulo Diamantino Rangel, imediato do "Quiricomba", o resultado final da regata foi excelente. "Nosso barco tem 41 pés e disputados em igualdade de condições com um adversário de 50 pés. Não fosse a falta de vento nas últimas horas da regata, nós chegaríamos com uma diferença pequena". O "Quiricomba-Opportunity", segundo colocado, chegou às 5h50min32 desta quarta-feira. Na seqüência, cruzaram a fita de chegada, nesta quarta-feira de manhã, o "Normandie" (7h24min38), "BL-3/Alforria" (10h22min15), "Forescast/Corumii" (10h39min52) e o "Lula" (12h30min14). Os cinco veleiros restantes são esperados entre a noite desta quarta-feira e manhã de quinta-feira. Só depois de corrigir os ratings é que a organização definirá o vencedor de cada uma das classes. Na classe Bico de Proa, por exemplo, o "BL-3/Alforria" é o favorito mas poderá ainda ser superado pelo "Mar sem Fim/Nera". Para o comandante Pedro Rodrigues, do "BL-3/Alforria", ele já ganhou na sua classe. "Não acredito que possa ser superado". Pedro Rodrigues, que levou dois alunos da Escola de Iatismo, tem a mesma opinião do capitão-de-corveta Paulo Diamantino Rangel que também levou um grupo de aspirantes a oficial de Marinha como tripulação do barco. "Fora o aspecto esportivo que foi excepcional, para nós a regata tem outra leitura: ela cumpre uma função didática. O que os alunos aprendem aqui vale meses de aulas teóricas", disse Pedro. Nadia Megonn, também do "BL-3/Alforria", acrescenta: "Passamos três dias com o veleiro "Corumii" no visual, a algumas dezenas de metros de distância. Isso não é normal em regatas tão longas. E prova que a competição foi intensa".

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