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Vexame: de novo Dunga em perigo

Brasil mostra futebol medíocre com a Bolívia e treinador fica ameaçado

Por Silvio Barsetti
Atualização:

Numa noite de horrores, o Brasil voltou a jogar o futebol irritante e medíocre que tem caracterizado a seleção desde que Dunga assumiu o comando da equipe, em agosto de 2006. E o público carioca, exigente, e atento à falta de talento e de empenho da equipe - a atuação contra o Chile, domingo, foi uma exceção - acabou não prestigiando o empate (0 a 0), no Engenhão, contra o brioso, mas limitado time da Bolívia, lanterna das Eliminatórias. Contrariada, a torcida pediu em coro a demissão do treinador: "Adeus, Dunga!" E ainda o ofendeu com o grito de "burro!, burro!" O Brasil simplesmente não criou nenhuma oportunidade de gol no primeiro tempo. Isso já seria um absurdo se o adversário fosse de alto nível. Mas tratava-se da Bolívia, um time muito fraco, com a defesa mais vazada da competição - 20 gols sofridos em sete jogos. A melhor chance na etapa inicial coube ao visitante, num chute forte de Ronald Garcia, que Julio Cesar rebateu e, na sobra, Hoyos por pouco não abriu o placar. Vinte minutos já se passavam e a torcida começava a esboçar seu descontentamento. Mas a paciência do público acabou aos 25 minutos. A cada passe errado da seleção, vaias. A manifestação foi mais intensa quando a imagem de Dunga surgiu no telão do estádio, com mão no queixo, ar de preocupação, como quem não sabia ao certo o que deveria ser feito para levar o time a jogar futebol. Quando o árbitro Alfredo Intriago apontou o centro do gramado para determinar o fim do primeiro tempo, as vaias voltaram com mais força. Esperava-se um Brasil pelo menos aguerrido no segundo tempo. Taticamente a equipe era um arremedo.. A torcida já devia estar convicta de que a vitória só viria a partir de uma jogada individual. Viveu essa expectativa em vão por mais 45 minutos. Os constantes erros de passes e de domínio de bola da seleção devem ter irritado até o DJ que transformou o estádio numa pista de dança ensudercedora durante o intervalo. Aos 8 do segundo tempo, Garcia fez falta em Robinho e foi expulso, em decisão exagerada do árbitro. O caminho do Brasil ficava mais livre. Nem assim se acertava. Ronaldinho não conseguia dar seqüência a uma jogada. Luís Fabiano, Diego e Robinho atuavam muito mal, o lateral Maicon, nosso Usain Bolt sem medalha, dava suas arrancadas como um velocista em prova final e, na hora de cruzar, deixava saudade de Cafu. No final, o 0 a 0 mostrou que o discurso pós-vitória sobre o Chile não passou de uma bravata. "Time sem vergonha", cantaram os torcedores, decepcionados.

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