A vitória irretocável de Sebastian Vettel, da Red Bull, ontem, no pouco emocionante GP de Cingapura, o deixou numa condição tão favorável para conquistar o bicampeonato em Suzuka, no Japão, no dia 9, palco já de dez decisões de título na Fórmula 1, que o mais difícil é esse talentosíssimo e humilde alemão de 24 anos não definir a conquista na próxima etapa.Se em 14 provas disputadas, este ano, Vettel venceu nove, classificou-se em segundo em quatro, e obteve uma quarta colocação - o único não-pódio da temporada foi justo na Alemanha -, o desafio de somar um único ponto nas cinco etapas que restam chega a provocar risos nos adversários. Mas o piloto da Red Bull está tão maduro, tão pé na terra que comentou, depois do banho de champanhe: "Ainda tenho de chegar lá e conquistar esse ponto".Mas pode ser que mesmo sem terminar nenhuma das cinco corridas fique, ainda, com o título. Basta o combativo Jenson Button, da McLaren, excelente segundo ontem, único com longínquas chances matemáticas de ser campeão, não vencer o GP do Japão. O campeonato só não acaba em Suzuka se o inglês da McLaren ganhar a corrida e Vettel, num circuito perfeito para a Red Bull, não somar pontos. Com a competência que o caracteriza este ano e um carro e uma equipe excepcionais, o virtual bicampeão do mundo se impôs, ontem, da largada à bandeirada na única etapa noturna do Mundial. "A entrada do safety car não ajudou, lógico, pois anulou a vantagem de 20 segundos que possuía para Jenson. Mas consegui depois abrir a mesma diferença de um segundo por volta do começo da corrida", disse, rindo. "Amo este lugar, considero vencer aqui um desafio, estou feliz e orgulhoso", comentou Vettel.Não era um despiste. A impressionante vantagem técnica do modelo RB7-Renault da Red Bull, ontem, em relação ao MP4/26-Mercedes da McLaren, ao longo da maior parte das 61 voltas da corrida, foi mesmo de um segundo. A Ferrari não participou dessa luta. Apesar da combatividade, como sempre, Fernando Alonso recebeu a bandeirada em quarto. "Vou tentar muito ser vice-campeão. essa é a minha motivação", afirmou o espanhol. Felipe Massa, também da Ferrari, obteve o nono lugar e criticou duramente Lewis Hamilton, da McLaren, que tocou no seu carro e o obrigou a um pit stop extra para substituir o pneu traseiro esquerdo (veja mais abaixo). O inglês recebeu um drive through de punição, mas foi para cima dos concorrentes, acabou ajudado pelo safety car e terminou, ainda, em quinto. Rubens Barrichello, Williams, foi 13.º e Bruno Senna, Renault, 15.º.Com a vitória, Vettel chegou a 309 pontos diante de 185 de Button, 184 de Alonso e 182 de Mark Webber, companheiro de Vettel, terceiro colocado, ontem.O safety car neutralizou o GP de Cingapura da 29.ª a 33.ª volta em razão de um erro de avaliação de Michael Schumacher, da Mercedes, ao tentar ultrapassar Sergio Perez, da Sauber. Bateu forte, mas sem se ferir. "Sérgio tentou fechar a porta, deslocou-se para a parte de dentro e freou. Esperava que não fosse tão cedo." A Mercedes chegou a decolar por alguns metros e depois colidiu contra a barreira de proteção de frente. "Foi mais espetacular para quem estava do lado de fora. Não sofri nada", disse Schumacher.Button, segundo colocado, aproveitou-se do tempo perdido por Vettel nas últimas voltas com os retardatários, depois do terceiro pit stop, a 13 voltas do fim, para tentar um ataque. Vettel comentou: "Eu tinha a prova sob controle. Se tivesse pista livre poderia abrir novamente boa vantagem". Jenson confirmou ser mesmo impossível superar a Red Bull no GP de Cingapura. "Mas se observamos que cheguei a 1,7 segundo de Sebastian e perdi, só numa volta, atrás de Kamui Kobayashi (Sauber), 4 ou 5 segundos, por que não pensar (em vitória)?" Webber completou o pódio em outra prova apagada. Largou em segundo. Na sexta-feira, falou sobre a enorme diferença de desempenho para Vettel: "Ele se adaptou melhor que eu às características do pneu Pirelli. No ano passado (pneus Bridgestone) nosso ritmo era bem mais semelhante."