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Vôlei brasileiro vira exportador

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Por Agencia Estado
Atualização:

O fenômeno do futebol, que exporta jogadores em grande quantidade, também é realidade no vôlei brasileiro, principalmente no masculino, campeão mundial e bicampeão olímpico. Hoje, 196 brasileiros - 122 homens e 74 mulheres - atuam em 17 países, 13 da Europa, segundo os registros da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), que controla as transferências e vem tentando evitar a saída de atletas com menos de 23 anos. O número de jogadores brasileiros que atua no exterior seria suficiente para a montagem de 32 equipes titulares. O mercado italiano emprega 31 jogadores, 20 em times masculinos e 11 em femininos. É ali que estão os maiores salários em euro e a elite do vôlei brasileiro, como os atletas da seleção. Portugal, principalmente por causa da língua, é o país onde se concentra a maioria dos brasileiros - 42 homens e 23 mulheres. O mercado português emprega atletas muito bons, mas considerados de segundo escalão diante da grande oferta brasileira. Da seleção campeã olímpica em Atenas, estão na Itália Giba (Cuneo), Anderson e Escadinha (Piacenza), Ricardinho e Dante (Modena), Maurício (Macerata) - recupera-se de cirurgia no braço direito para a retirada de coágulos que provocaram trombose -, André Heller (Trento) e Gustavo (Treviso). Das meninas que foram a Atenas com a seleção feminina, quatro estão na Itália - Fofão e Walewska (Perugia), Virna (Jesi) e Elisângela (Santeramo). OS PIONEIROS - Pela Itália passaram Renan, Carlão, o técnico Bebeto de Freitas, numa época em que era possível contar nos dedos das mãos os brasileiros que jogavam fora. Jorge Assef, da Agência A$$K Sport Business, trabalha com jogadores de vôlei há oito temporadas e acha que o mercado passou a ter grande abertura a partir de 1997/1998, com a ida de Nalbert. "Os brasileiros são bem procurados e o mercado mais importante em termos financeiros é a Itália. Pelo menos cinco brasileiros ganham mais que italianos", garante o agente. Assegura que o maior salário do Brasil, hoje, não se compara ao que recebem o atacante Giba e o levantador Ricardinho. Pelo regulamento do campeonato, só é preciso ter dois jogadores italianos em quadra, o que abre ainda mais o mercado para os estrangeiros (soma-se a isso a volta dos russos para o país de origem). Os agentes classificam a Superliga de Vôlei do Brasil como o segundo melhor campeonato do mundo. O Campeonato Italiano tem mais dinheiro e, portanto, jogadores do mundo todo. Grande número de olheiros japoneses e italianos vem ao Brasil constantemente durante a Superliga. NÍVEL MÉDIO - Se para o mercado italiano migram atletas de ponta, com bons salários - algo em torno de 200 mil por temporada - , os jogadores considerados medianos também têm espaço no exterior. São salários bem menores, mas, com o euro a R$ 3,60, ainda assim melhores do que os que poderiam receber no Brasil. Equipes como Banespa, Ulbra, Unisul, Suzano e Minas, entre os mais bem estruturados do vôlei nacional, podem contratar um ou dois jogadores de ponta, o que é muito pouco para um País que produz tantos atletas. A Finasa/Osasco, uma das principais equipes femininas de vôlei, que tem a ponta Mari e o técnico José Roberto Guimarães, não conseguiu cobrir a proposta que a levantadora Fofão recebeu do Perugia. ÍDOLO LÁ FORA - João Paulo Bravo, um ex-ponteiro da Unisul que nunca teve destaque por aqui, é um exemplo de jogador mediano absorvido pelo mercado europeu com sucesso - foi eleito o melhor jogador da Bélgica em 2003, quando o Maaseik, de Limbourgeois, venceu a Copa e o Campeonato belgas. Em fevereiro, renovou contrato por mais duas temporadas. Thiago Aranha, que nesta temporada se transferiu de Andorra para a França, é um santista que atuou em Petrópolis e não chegou a aparecer no Brasil. Da mesma forma, Tatiana, oposto de Brusque, em Santa Catarina, foi vice-campeã do Campeonato da Turquia e nesta temporada se transferiu para a Rússia, outro país de clima frio, em que também há dificuldades com a alimentação. Mas receber 80 mil por temporada vale a pena para quem, no Brasil, ganharia o equivalente a R$ 8 mil.

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