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Vôlei feminino pode migrar para a Europa

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Por Agencia Estado
Atualização:

Após os Jogos Olímpicos de Atenas, é bem provável que o vôlei nacional tome uma forma diferente da temporada passada. Os destaques da Seleção Feminina devem migrar para a Europa, como fizeram os integrantes da Seleção Masculina - a Superliga deve ficar sem estrelas. Uma das jogadoras que sentem a falta de reconhecimento é Érika, que tem convites para jogar na Itália mas prefere seguir para o vôlei de praia caso não tenha uma proposta interessante nos clubes brasileiros. A ponta, que jogou a temporada passada na Finasa/Osasco, tem 24 anos e diz que sofre em todo fim de Superliga. Para ela, o principal motivo do desespero das jogadoras é o ranqueamento estabelecido na temporada 1992/93 pela Confederação Brasileira de Vôlei, que visa a equilibrar o nível técnico das equipes. As melhores jogadoras do país valem sete pontos e cada equipe pode somar, no máximo, 22. "Não sei oficialmente, mas muitas jogadoras têm propostas para jogar lá fora. O problema é que o senhor Ary Graça criou esse ranqueamento e o mercado está inflacionado", critica, já que além dos altos salários das jogadoras de alto nível (em média R$ 450 mil por temporada) os clubes ainda têm de administrar a pontuação. "Apenas três times têm condições de pagar bons salários: Finasa, MRV e Rexona." Érika diz que prefere um clube brasileiro. "Amei jogar em Osasco porque sou louca por São Paulo. Tenho convites do Exterior, mas seria minha última opção. Se não tiver uma boa oferta, posso ir até para o vôlei de praia", lamenta a jogadora, que tem propostas dos times italianos Novara e Bérgamo, além de um espanhol. Jogando ?por amor? -Érika começou a se destacar ainda juvenil. "Aos 19 anos já valia sete pontos. Esse ranqueamento só prejudica as atletas de Seleção porque os clubes têm de avaliar esses pontos. Aos 20, era capitã da Rexona. Hoje já não penso no dinheiro, jogo por amor. Mas se não me valorizarem, o que mais posso fazer? O ranqueamento prejudica ainda mais as jogadoras mais experientes, como a Fernanda e a Virna." A jogadora conversou com algumas amigas sobre a possibilidade de jogar na praia. "Falei com a Leila (que retornou da praia no ano passado para tentar uma vaga olímpica na Seleção que vai a Atenas) e ela acha que eu me adaptaria super-rápido. Não quero ir embora, não me adaptaria ao clima da Europa, à língua, e não teria minha família e namorado, nem poderia ir à Bahia no fim de semana. Só aceitaria se fosse uma proposta de milhões." Ela gostaria que o ranqueamento fosse banido: "O Real Madrid tem os melhores jogadores. Quem tem dinheiro que monte o time que quiser e puder montar." José Roberto Guimarães, técnico da Seleção Feminina de Vôlei, não vê saída: "Esse é o caso do ?se correr o bicho pega e se ficar o bicho come?. As jogadoras são prejudicadas pelo ranqueamento, mas se ele não existir não haverá equilíbrio entre as equipes."

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