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Volta de Tom Brady após decidir se aposentar do futebol americano muda tudo na NFL

Tampa Bay Buccaneers sobe na lista de favoritos da próxima temporada e até os jogos previstos para a Europa ganham um novo significado

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Por Paulo Mancha
Atualização:

Não durou nem dois meses a aposentadoria de Tom Brady, o mais premiado jogador de futebol americano de todos os tempos. Quando anunciou que sairia dos gramados, em 1º de fevereiro deste ano, o quarterback do Tampa Bay Buccaneers parecia sinalizar o fim de uma era do esporte nos Estados Unidos. Mas, ao voltar atrás na sua decisão, semana passada, causou um rebuliço na mais rica e popular liga esportiva do país.

Aos 44 anos de idade, Brady atuou em 22 temporadas, levou sete troféus de campeão do Super Bowl e conquistou os principais recordes da liga, como maior número de jogos vencidos em temporada regular (243) e quantidade de passes para touchdowns (624). Mas o californiano casado com a supermodelo brasileira Gisele Bündchen aparentemente não ficou satisfeito com essas marcas e vai atuar por pelo menos mais um campeonato no Tampa Bay Buccaneers.

Tom Brady, quarterback do Tampa Bay Buccaneers Foto: Nathan Ray Seebeck/USA Today Sports

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“Estou em êxtase”, declarou à agência Reuters o treinador da equipe, Bruce Arians. “Como o próprio Tom disse, o lugar dele ainda é no campo. Ele é tão produtivo quanto qualquer outro quarterback na liga", completou o técnico vencedor do penúltimo Super Bowl, disputado em janeiro de 2021.

Com Brady de novo na NFL, tudo muda. A começar por seu próprio time, que estava em vias de iniciar uma reformulação e, dessa forma, abdicar de grandes pretensões para esta temporada. A simples notícia da volta do quarterback fez com que outros atletas optassem por renovar seus contratos sem mais delongas.

Caso do center Ryan Jensen, peça fundamental no esquema de proteção ao quarterback e de abertura de espaços para os running backs dos Buccaneers. Astros do calibre de Rob Gronkowski e Jason Pierre-Paul também sinalizam ir nessa direção e adiar suas aposentadorias ou eventuais trocas de clube.

ALEMANHA APROVA

Duas semanas atrás, a equipe da Flórida constava como apenas a 19ª colocada nos “power rankings”, a previsão de força publicada pela própria NFL com base na análise de seus especialistas. Depois do anúncio bombástico do retorno de Brady, não há quem deixe os Buccaneers de fora dos próximos playoffs. O sistema de previsões de apostas Caesars Sportsbook, pertencente ao famoso cassino de Las Vegas, crava o time no próximo Super Bowl, por exemplo.

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Muitos outros ganham com Brady em campo. A começar pelas emissoras de TV. Por mais que exista uma nova geração de bons quarterbacks na NFL, ninguém garante tanta audiência quanto o “Greatest of All Time” (“Maior de Todos os Tempos”), ou simplesmente “G.O.A.T.”, apelido dado pelos torcedores ao quarterback quando ainda estava no New England Patriots.

Sabe-se de antemão que os Buccaneers farão uma revanche do Super Bowl 55 contra Patrick Mahomes e os Chiefs (em data ainda por definir). Esse é o tipo de jogo capaz de quebrar recordes na telinha. Assim como a partida contra o Green Bay Packers, em que Brady enfrentará Aaron Rodgers, eleito o melhor atleta da liga em 2021 e que acaba de renovar seu contrato pela bagatela de US$ 150 milhões.

Até os europeus ganham com o retorno de Tom Brady aos gramados. Seguindo sua estratégia de internacionalização do futebol americano, a NFL programou uma partida dos Buccaneers para Munique, na Alemanha, com data e adversário a definir. Se o ineditismo já atraía a atenção do mundo para esse jogo, com o maior quarterback da história em campo, ele se torna um dos mais importantes eventos esportivos de 2022.

NEM TODOS ESTÃO FELIZES

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E quem perde com a decisão de Tom Brady? Certamente os rivais diretos da Divisão Sul da Conferência Nacional. Ou seja, Atlanta Falcons, Carolina Panthers e New Orleans Saints.

Domingo passado, logo após o anúncio, os Falcons se calaram, enquanto as contas oficiais de Saints e Panthers no Twitter reagiram com humor e pessimismo, na forma de memes. O time da Carolina do Norte, por exemplo, postou um famoso “gif” inspirado no desenho animado Bob Esponja. Na imagem, o personagem “Sirigueijo” surge com os olhos piscando – sinal usado na animação para revelar que algo assustador ou estressante vem por aí.

Outros potenciais perdedores são os "quarterbacks do futuro”, que por mais um ano tendem a permanecer na sombra do veterano vencedor de sete Super Bowls. Joe Burrow (Cincinnati Bengals), Patrick Mahomes (Kansas City Chiefs), Josh Allen (Buffalo Bills) e Justin Herbert (Los Angeles Chargers), entre outros, viam a temporada de 2022 como aquela em que um deles se estabeleceria no topo, duelando com Aaron Rodgers, do Green Bay Packers, pelos holofotes. Não parece ser o caso agora.

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E a atitude de Tom Brady deixa no ar uma dúvida: quanto ela afetará sua própria vida pessoal. Ainda que ele e a esposa Gisele Bundchen sejam sempre muito discretos em relação ao estado de seu casamento, é sabido que no passado ele passou por crises. E que o próprio Brady se ressentia há anos de não ter mais tempo para a família.

A supermodelo postou uma mensagem de apoio no Instagram, mas com um trecho no mínimo dúbio. “Aqui vamos de novo!”, escreveu a brasileira, frase que pode ter diversas interpretações, inclusive negativas. Em seguida, completou: “Vamos lá, amor! Vai, Buccs!”.

Um fato curioso sobre a volta de Tom Brady foi o dia escolhido para o anúncio: domingo dia 13 de março. Poucas horas antes, no sábado, o americano foi flagrado no gramado do estádio Old Trafford, em Manchester, Inglaterra, batendo papo com Cristiano Ronaldo, após a vitória do Manchester United sobre o Tottenham por 3 a 2. O craque português, de 37 anos de idade, foi visto perguntando “Você parou mesmo?”, ao que o quarterback dos Buccaneers respondeu de forma evasiva.

Se o maior do futebol americano foi inspirado a voltar à ativa por um dos melhores do futebol mundial, só eles próprios poderão confirmar um dia. Mas a lenda já se espalhou e adicionou um capítulo a mais no folclore do esporte internacional.

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