Zé Roberto volta ao vôlei masculino

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Por Agencia Estado
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Basta de mudanças repentinas de humor, vaidade na frente ao espelho e falatório no vestiário. Depois de quatro anos consecutivos comandando mulheres, o técnico José Roberto Guimarães voltou a uma equipe masculina: a Nexxera/Panthec/Unisul, uma das favoritas ao título da Superliga de Vôlei. "No vôlei masculino o relacionamento é mais direto, mais objetivo. Posso chegar e falar logo o que quero para o jogador. É mais fácil lidar com homens", diz Zé Roberto, lembrando a Copa do Mundo do Japão, quando estava no comando da seleção feminina e gritou com Jaqueline, que chorou em quadra. Zé Roberto, que começou com um time feminino ? do Pão de Açúcar ?, foi ouro olímpico com a seleção masculina em Barcelona/92. Nos últimos quatro anos, trabalhou na Finasa/Osasco, onde foi vice e três vezes campeão da Superliga. Antes da Finasa, a última equipe masculina de Zé Roberto tinha sido o Banespa, em 1996/97. Passou por São Caetano, Dayvit e Guarulhos ? todos times femininos. O treinador não entendia como as garotas conseguiam falar tanto nos vestiários, ou o motivo porque olhavam tanto no espelho antes de uma partida decisiva. Em time masculino era o contrário. Buscou respostas com as duas filhas e a mulher Alcione, leu livros e estudou questões como a TPM, para entender a "alma feminina". Zé Roberto também aponta dificuldades com os jogadores: "Homem não fala o que está sentindo, não fala dos problemas. Para eles, é sinal de fraqueza. Ao contrário das mulheres: elas falam para uma amiga, que conta para outra, e assim eu fico sabendo o que está acontecendo. Nesse sentido é mais difícil saber o que está acontecendo em um grupo masculino." A razão da bronca em Jaqueline, segundo Zé Roberto, foi o individualismo da atacante. Por isso, já avisa que não quer a mesma atitude dos jogadores da Unisul. "Jogador ou jogadora, tem de saber que tudo o que eu pedir vai ser sempre para o bem do time. O que importa é a equipe, e a equipe vencer." Sobre "bronca de técnico", o levantador Vinhedo, da Unisul, conta: "Nunca levo para o lado pessoal. É muito pior se o cara não me fala nada. Se não me nota no treino é porque não tenho importância. Já levei uma bronca do Zé ? e a primeira a gente nunca esquece..." Vinhedo entende Zé Roberto: namora uma jogadora de vôlei. "Ela chora, sim. Vem chorar comigo. Lidar com mulher é bem mais difícil. São outras coisas a serem levadas em consideração." Apesar da "dor-de-cabeça", Zé Roberto sente saudade das meninas. "Sinto falta da convivência, do que passamos. Foi um ano fantástico para a seleção feminina: ganhamos tudo que disputamos. Tenho muito carinho pelo grupo."

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