
22 de junho de 2015 | 02h33
O que está no parágrafo acima vale para circunstâncias normais. Pois, como sinal dos tempos, foi com certa reverência que se aguardou o duelo da noite de ontem, no encerramento da fase de grupos da Copa América. Parecia que o time de Dunga levaria um escorregão continental numa casca de banana, ou melhor, num bagaço de uva, diante da Vinotinto. Como castigo, faria as malas e voltaria para casa junto com Neymar. Medo!
Os venezuelanos deram um susto apenas, quando marcaram o gol, minutos antes do final. Só na bacia das almas levaram preocupação para Jefferson (rebateu na cobrança de falta do gol) e companheiros. Na maior parte do tempo, encolheram-se, à espera de contragolpes, e perderam para rival que não jogou além do gasto, como de praxe e tem sido característica ultimamente.
Para ficar na linguagem usual, a seleção ficou no tradicional feijão com arroz. Exibição frugal, sem fazer com que os torcedores lambessem o beiço, tampouco provocou indigestão, apesar do ligeiro sobressalto. Ganhou por 2 a 1, segue adiante e, assim, deu xô! na zebra. Só não precisava Dunga tirar Robinho e Firmino para colocar Marquinhos e David Luiz. Quatro zagueiros!
Vencer foi obrigação. Mesmo que o Brasil da atualidade não encante nem passe de time comum - e sem Neymar -, a superioridade histórica sobre a Venezuela deveria impor-se. Roteiro seguido à risca até os 38 da etapa final. Antes do gol de Fedor (sem trocadilho), a turma da amarelinha da CBF mandou na partida, ditou o ritmo, a ponto der relaxar em alguns momentos.
O desempenho foi superior àquele do meio da semana contra a Colômbia. Vergonhoso se repetisse atuação do gênero. Com a ausência do principal jogador, Dunga pôde observar como se comportaram eventuais candidatos a protagonista. Na soma, Robinho deu conta do recado. O veterano saiu do banco para provar que sabe agitar: correu, dividiu, deu passes, catimbou. Passou recado ao chefe de que está na briga, no mínimo como coadjuvante.
Outro que voltou a ganhar pontos foi Thiago Silva. O ex-capitão marcou um lindo gol, na abertura do placar, e como de hábito foi sóbrio na defesa. Já Philippe Coutinho ficou aquém, assim como William. Ambos despontam como astros em potencial no processo de reformulação do time; todavia, ficam na média, não rompem para cima a linha da regularidade. Firmino também, com uma diferença em favor dele: faz gols com frequência. Deixou o carimbo de artilheiro outra vez.
A defesa não comprometeu, Daniel Alves e Filipe Luís apoiaram mais (sem brilho), Elias e Fernandinho não largaram a tarefa da marcação. Merece atenção Jefferson; qualidade e experiência lhe sobram. Ainda assim, na seleção demonstra menos segurança do que no Botafogo. Não excluiria a possibilidade de Dunga fazer testes - não na Copa América, mas em amistosos.
O Brasil espantou fantasma da desclassificação precoce, e isso seria terrível. Treinador e atletas recebem tempo adicional para construírem conjunto confiável, mesmo sem Neymar. É o que se espera.
Tropeço. O São Paulo de Juan Carlos Osorio ensaia variações, na forma de jogar e na escalação. Por opções do técnico e por fatores extraordinários (contusões, suspensões, negociações), entrou modificado para pegar o Avaí no Morumbi. Abriu vantagem com Souza, teve o controle, sem exuberância, cedeu empate no fim. O Brasileiro de 2015 promete desmentir prognósticos.
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