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Adiamento dos Jogos pode fazer com que federações tenham de recorrer a empréstimos

Países menores devem ser socorridos pelo programa de solidariedade olímpica nos próximos 12 meses   

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Por Redação
Atualização:

O adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio para o verão de 2021 no Japão terá forte impacto na saúde financeira do Comitê Olímpico Internacional (COI) e das federações internacionais. Apesar de o COI possuir mais de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,5 bilhões) em reservas, muitas entidades esportivas, principalmente as menores, deverão sofrer com a nova data do evento, jogada um ano para frente em função da pandemia da covid-19.

Isso porque o COI redistribui para as federações 90% de sua receita. Nos Jogos do Rio-2016, por exemplo, a receita foi de US$ 5,7 bilhões (R$ 28,6 bilhões). Um primeiro pagamento a cada federação seria realizado já em setembro desde ano, após a disputa. Com o adiamento para ano que vem, federações que enfrentam problemas financeiros podem ter de recorrer a empréstimos.

Jogos Olímpicos de Tóquio foram adiados por um ano devido à pandemia do coronavírus Foto: Issei Kato/ Reuters

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Em entrevista à agência Reuters, o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Paulo Wanderley, afirmou que o orçamento da entidade brasileira para o projeto olímpico era de R$ 43 milhões e que ainda não sabe qual será o impacto total do adiamento da Olimpíada para 2021. O dirigente, no entanto, não pretende pedir ajuda do COI para pagar os gastos extras que a mudança vai ocasionar. Para ele, países menores, com pouca estrutura, é de que devem ser socorridos pelo programa de solidariedade olímpica. "Não temos nesse momento essa intenção de apoio extra, e não nos enquadramos nesse perfil", informou Wanderley.

Os Jogos Olímpicos de Tóquio vão reunir 33 federações (os 28 esportes mais tradicionais e outros cinco novos, o surfe, o karatê, a escalada, o skate e o beisebol/softbol), que também tinham campeonatos continentais ou intercontinentais programados para 2021. Desde a criação dos Jogos Olímpicos da era moderna, em Atenas, em 1896, nunca o evento precisou ser adiado. A organização dos Jogos só foi impossibilitada pelas duas Guerras Mundiais, que provocaram o cancelamento das edições de 1916, 1940 e 1944. Portanto, o ato de adiar e empurrar a disputa para frente é uma coisa nova também para o COI.

De acordo com o jornal japonês Nikkei, o custo adicional para o governo local com o adiamento pode chegar a US$ 2,7 bilhões (R$ 13,5 bilhões). O Japão já investiu US$ 12 bilhões (mais de R$ 60 bilhões) no evento. O impacto total da mudança ainda está sendo avaliado, pois será necessário negociar com locais de treinamento, empresas de logística e outros fornecedores.

Entre os problemas de logística do COI com ao adiamento está a questão da Vila Olímpica, que deve receber 11.000 atletas em apartamentos que, em muitos casos, já tinham sido vendidos. Estes alojamentos, situados em uma zona valorizada de Tóquio, estavam programados para serem rapidamente transformados em 4.000 apartamentos após os Jogos, alguns deles a um preço de venda de US$ 1,5 milhão (R$ 7,5 milhões).

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