Amadurecido, judoca Tiago Camilo se vê no auge em Olimpíada

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Por MAURÍCIO SAVARESE
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Após ser derrotado na decisão do torneio olímpico de judô há oito anos, em Sydney, Tiago Camilo saiu do dojô às lágrimas e praguejando, apesar do resultado promissor para o atleta de apenas 18 anos. Hoje, mais maduro e já campeão mundial, ele se vê no auge para lutar pelo ouro na China. "Os campeões mundiais como eu vão ter um caminho difícil em Pequim, todo mundo sabe como nós lutamos. Mas acho que estou perto do meu auge nos três aspectos que importam: mental, físico e técnico", disse o judoca, classificado para a disputa na categoria até 81 quilos, em entrevista à Reuters. "A minha categoria atual é diferente da que disputei em Sydney e é a mais acirrada do judô mundial. Pelo menos outros oito têm chance de serem ouro também. Por isso é que vai depender da chave, do preparo psicológico, de cuidar do peso", disse. "Tenho boas chances, já amadureci como atleta, até porque eu vivo uma carreira muito intensa, mas vamos ver até lá." Emoção certamente não faltou até agora na trajetória desse paulista de Bastos, que hoje vive em Porto Alegre para treinar ao lado do amigo e bicampeão mundial João Derly. Dono do título mundial juvenil em 1998 e do júnior, em 1999, Tiago Camilo diz que conquistou a prata em Sydney ainda como peso leve sem saber exatamente o que uma Olimpíada representa na vida de um atleta. Agora ele afirma entender isso melhor, depois de ter ficado de fora de Atenas-2004 por conta de uma tortuosa disputa com o seu principal rival na categoria que adotou após Sydney. "Essa rivalidade com o Flávio Canto foi boa porque nos puxou para um nível mais alto. Nós somos muito competitivos e disputamos a vaga ao máximo, o que é sempre um grande incentivo", disse o judoca. Na seletiva para a Olimpíada grega, Tiago Camilo chegou a ir à Justiça para tentar anular a vitória do adversário na classificação para os Jogos de 2004. Ele vencia a luta decisiva entre os dois até ser punido a dois segundos do fim do embate. "Isso tudo já passou e o importante é que o judô brasileiro vive um bom momento, porque proporciona rivalidades na minha categoria e em outras também. De dez anos para cá, dá para ver que existe mais incentivo e que a qualidade aumentou." FAVORITISMO Eleito o melhor atleta --entre 776-- do mundial disputado no Rio de Janeiro em 2007, Tiago Camilo é considerado por especialistas como dono de potencial para ser um dos melhores judocas brasileiros de todos os tempos. Mas ele, precavido, evita se empolgar com os elogios. "Não estou pensando no título em Pequim, estou pensando em competir na minha melhor forma", afirma. "Estou muito motivado, porque fiquei de fora em Atenas. Na época doeu, mas vejo que isso me deu força para elevar o meu nível para onde ele está." Entre os brasileiros favoritos para os Jogos, Tiago Camilo cita o jovem Eduardo Santos (até 90 quilos) e o experiente Denilson Lourenço (até 60 quilos), além de Derly (até 66 quilos) e de Luciano Corrêa (até 100 quilos), também campeão mundial. "Essa é provavelmente a melhor equipe que o judô brasileiro já levou a uma Olimpíada. Temos três campeões do mundo em uma boa fase na carreira, perto do auge, temos gente chegando aos poucos e judocas experientes que podem surpreender. Eu acho bem provável essa equipe voltar com medalha", disse. Depois da Olimpíada, o judoca promete se dedicar mais a projetos assistenciais como o que mantém em sua cidade de origem no interior paulista. Se voltar de Pequim com o ouro, ele diz não que se vê badalando por aí para celebrar. E para isso o treinamento também já começou. "Eu estou me poupando ao máximo, tento dormir direito, comer direito todos os dias. Quando eu voltar da China acho que vai ser parecido. Se uma coisa tão grandiosa (como a conquista do ouro) acontecer, acho que eu só vou sentir uma paz muito grande. E essa paz é o que eu mais quero agora", disse.

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