PUBLICIDADE

Publicidade

Anistia critica China por descumprir promessas olímpicas

Por JAMES POMFRET
Atualização:

A entidade Anistia Internacional divulgou na segunda-feira um relatório em que aponta uma piora da situação dos direitos humanos na China nos últimos sete anos e diz que o país descumpriu as promessas que fez para receber a Olimpíada. A pouco mais de uma semana do início dos Jogos, a Anistia fez uma avaliação sombria dos direitos humanos na China desde 2001, quando Pequim foi escolhida para o evento. Na época, o regime comunista prometeu adequar os direitos humanos aos ideais olímpicos. "Não houve progresso no sentido de cumprir tais promessas, só uma contínua deterioração", disse a Anistia no relatório intitulado "A contagem regressiva olímpica -- promessas violadas". "As autoridades usaram os Jogos Olímpicos como pretexto para continuar e em alguns aspectos intensificar as políticas e práticas existentes, que levaram a sérias e disseminadas violações dos direitos humanos", diz o relatório, divulgado em Hong Kong na manhã de terça-feira (segunda à noite no Brasil). O texto diz que a China coagiu ativistas, jornalistas e advogados a "silenciarem a dissidência" antes dos Jogos. Vários dissidentes foram presos e tiveram suas famílias intimidadas. "A China realmente precisa libertar ativistas de direitos humanos, a fim de demonstrar que está cumprindo suas promessas", disse Mark Allison, que pesquisa a China para a Anistia em Hong Kong. O relatório também critica o Comitê Olímpico Internacional (COI) por não pressionar suficientemente Pequim e por "passar uma mensagem de que é aceitável para um governo receber os Jogos Olímpicos numa atmosfera caracterizada pela repressão e a supressão". O texto cita negativamente a repressão aos distúrbios deste ano no Tibete, quando a região ficou inatingível para jornalistas e houve pessoas presas sem acusação, e o terremoto de meses atrás em Sichuan, quando após alguns dias a liberdade de imprensa inicial foi restringida. A Anistia disse ainda que o controle sobre a Internet cresceu nos últimos meses, e que o site da Anistia e de alguns veículos estrangeiros de comunicação estão inacessíveis para jornalistas que trabalham no centro olímpico de mídia. O relatório afirma, porém, que a China fez alguns progressos na reforma da pena de morte e em permitir uma maior cobertura da imprensa internacional no país. O texto pede à China que liberte imediatamente todos os presos de consciência, permita a plena liberdade de expressão e pare a "limpeza" de dissidentes. "A menos que as autoridades façam uma rápida mudança de direção, o legado da Olimpíada de Pequim não será positivo para os direitos humanos na China", diz o texto.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.