Ricardo Winicki, o Bimba, recebeu a prancha e a vela sorteadas com as quais disputará, aos 36 anos, sua quinta Olimpíada. O equipamento foi decisivo para o mau desempenho do atleta em Londres (2012), quando terminou as provas da classe RS:X (windsurfe) na nona posição, a pior de todas as suas participações nos Jogos Olímpicos.
Os atletas puderam acompanhar o sorteio, ao contrário do que aconteceu em Londres. Agora eles também podem levar as próprias quilhas. “Em Londres, recebi a quilha e a informação de que não poderia haver troca. Não consegui fazer nenhuma regata entre os dez primeiros. Comecei a ver que, de uma forma muito confusa, tinha atleta trocando equipamento. Alguns eram favorecidos, outros não”, contou.
Feita de fibra, a quilha fica sob a prancha, com função de estabilizá-la. Ela tem que ter a rigidez ideal, não pode vergar demais, nem ser muito dura. Qualquer defeito ou falha de fabricação pode influenciar na performance do velejador.
Em Londres, Bimba só conseguiu trocar a quilha depois de ficar em 24º lugar na sexta regata, metade das que viria a disputar. “Falei com meu técnico: ‘ou trocamos de quilha ou vamos para casa’. O juiz disse que eu poderia trocar o que quisesse, por ser campeão do mundo. Aí eu vi que estava uma bagunça danada. Fiquei frustrado por não ter pedido antes.”
Levar a própria quilha não é garantia de sucesso. Cada uma custa cerca de R$ 1 mil. Bimba comprou cinco. “O holandês (Dorian van Rijsselberge, medalhista de ouro em Londres) comprou 35. Pelo menos, estou indo com uma quilha em que confio. Espero receber prancha e vela competitivas”, afirmou ele, que já treinou com os novos equipamentos ontem. Bimba diz que o fato de conhecer a Baía de Guanabara desde os 11 anos, idade em que começou a velejar, não lhe dá o favoritismo.
“Em Atenas, cheguei tranquilo para fazer uma boa Olimpíada, quase ganhei. Em Pequim, não me achava favorito porque era Olimpíada de vento fraco e acabei melhor do que imaginava, em quinto lugar, brigando por medalha. Em Londres, talvez tenha sido a que estava mais confiante, mas com material não tão competitivo, acabei em nono lugar. Não tem ninguém aqui achando que já ganhou. Nem o holandês, que ganhou a última Olimpíada fácil. Essa é a graça do esporte”, afirmou.
Bimba diz esperar que os Jogos do Rio não sejam os últimos de sua carreira. Enquanto for o número um no Brasil e estiver bem internacionalmente, vou continuar”, disse.