Ataque em Munique continua vivo na memória de ex-atleta

Onze israelenses foram mortos por terroristas nos Jogos de 1972

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Por Renata Tranches
Atualização:

Ainda era 6 horas da manhã quando bateram à porta de Esther Roth-Shahamorov. Para ganhar tempo, ela já estava vestida para mais um dia de treinamento antes de competir em Munique. Do outro lado quem batia não era seu treinador, mas o portador de uma notícia que marcaria a vida da atleta. Naquele momento, a competidora com então 24 anos e uma das principais apostas da equipe israelense de atletismo na Olimpíada de 1972 soubera que dois colegas da sua delegação haviam sido mortos por terroristas. Na madrugada do dia 5 de setembro, oito jovens palestinos membros do grupo terrorista Setembro Negro, ligado à Organização para a Libertação da Palestina (OLP), tinham invadido o alojamento da equipe e iniciaram um dos episódios mais dramáticos da história contemporânea do esporte.

'Foi o acontecimento mais duro da minha vida', diz Esther Roth-Shahamorov Foto: Renata Tranches|Estadão

"Foi o acontecimento mais duro da minha vida. Eu tinha 20 e poucos anos e muitos sonhos", contou Esther, em uma conversa com jornalistas brasileiros em Beit-Berl (Israel), da qual o Estado participou. Esther guarda na lembrança uma Vila Olímpica "muito bonita" em Munique. "A Alemanha queria mostrar que havia mudado desde a 2.ª Guerra. Era uma Olimpíada muito colorida, com baixa restrição de segurança." Esther juntou seus pertences às pressas e foi levada a um lugar protegido onde ficou com outros atletas que conseguiram escapar dos terroristas. De lá, acompanharam as longas horas de negociação. O Setembro Negro exigia a libertação de 234 árabes presos em Israel. Se o pedido não fosse atendido, os reféns seriam mortos. As negociações não deram resultado e os sequestradores exigiram um avião para levá-los ao Egito. Após o deslocamento de helicóptero da Vila Olímpica até uma base da Otan, uma troca de tiros terminou de forma desastrosa e todos os 11 reféns foram mortos, incluindo o técnico de Esther, Amitzur Shapira. "Ele era como um pai para mim." Os jogos foram suspensos por algumas horas, a delegação de Israel voltou para casa com os corpos dos atletas mortos e a Olimpíada continuou. "Vi que os interesses gerenciam o mundo. A falta de repreensão legitimou que, por terrorismo, se pode conseguir as coisas." *A REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DO MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES DE ISRAELPARTICIPE Quer saber tudo dos Jogos Olímpicos do Rio? Adicione o número (11) 99371-2832 aos seus contatos, mande um WhatsApp para nós e passe a receber as principais notícias e informações sobre o maior evento esportivo do mundo através do aplicativo. Faça parte do time "Estadão Rio-2016" e convide seus amigos para participar também!

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