Atletas da Paralimpíada ganham apelidos que os comparam a outros astros mundiais

Esportistas da Rio-2016 afirmam que não gostam de ser comparados

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Por Constança Rezende/ Rio
Atualização:

“Neymar da Corrida”, “Michael Phelps brasileiro”, “Usain Bolt da Paralimpíada”. A torcida da Rio-2016, que já tinha se destacado por torcer de maneira peculiar na Olimpíada, encontrou um outro jeito de torcer nesta Paralimpíada. As grandes estrelas da competição foram rebatizadas pelo público e ganharam apelidos que os comparam a outros atletas mundialmente vitoriosos. Em comum, apenas as coleções de medalhas.

Assim como vaiar os adversários, a nova moda da torcida é polêmica. Apesar de se dizerem honrados com a homenagem, os atletas paralímpicos afirmam que não gostam de ser comparados com outros esportistas.

Daniel Martins é parecido com Neymar. Já, Daniel Dias, é chamado de “Michael Phelps brasileiro” Foto: Montagem/ Estadão

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Um dos exemplos é o maior medalhista paralímpico brasileiro, o nadador Daniel Dias. O atleta é frequentemente chamado pelos torcedores e jornalistas de o “Michael Phelps brasileiro”. Em termos de números, Phelps sai na frente de Dias. Enquanto o norte-americano tem 28 medalhas olímpicas, sendo 23 de ouro, o brasileiro tem 16, das quais 11 de ouro.

Dias, que nasceu com má formação congênita dos membros superiores e na perna direita, disse não querer assumir essa “nova identidade”. Ele deixou isso claro após ganhar o primeiro ouro nesta Paralimpíada, nos 200 metros livres, na última quinta-feira, no Parque Olímpico da Barra, zona oeste.

“É uma grande honra ser comparado a um grande atleta como Phelps. Mas eu sei do meu valor. Sou o Daniel Dias e quero construir o meu espaço”, afirmou.

Mais rapido velocista do esporte paralímpico, o irlandês Jason Smyth já virou o “Usain Bolt da Paralimpíada”. Assim como Bolt, Smyth é o atleta mais disputado pelos jornalistas ao final das competições.

Como o jamaicano Bolt costuma fazer, acabada a prova dos 100 metros, na categoria T13, na última sexta-feira, em que ganhou medalha de ouro, Smyth circulava pelos bastidores do Estádio Olímpico com a medalha e a bandeira da Irlanda enrolada no corpo. Também parava para quem quisesse ouvi-lo, com simpatia e atenção - atitude idêntica à de Bolt.

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Em quase todas as entrevistas, o irlandês ouve perguntas sobre o que acha da comparação. Ele já afirmou que não se incomoda e considera ser “inacreditável” ser “colocado no mesmo patamar de respeito”, pois “Bolt é único”.

A comparação do atleta paralímpico Daniel Martins é baseada na aparência física e não no esporte. O vencedor da medalha de ouro dos 400 metros, na categoria T20, é parecido com Neymar, o craque da seleção brasileira de futebol e do Barcelona. Daniel demonstra não ver muita semelhança.

“Não sou o Neymar, somos diferentes. Mas sempre levo na brincadeira. Estou acostumado com a comparação e quero conhecê-lo”, disse o atleta.

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