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Atletas do Iraque levarão mensagem de paz a Pequim

Secretário-geral do Comitê Paraolímpico Iraquiano diz que atletas do país irão portar mensagens de paz e amor

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Por Saif Tawfiq
Atualização:

Secretário-geral do Comitê Paraolímpico Iraquiano, Fakher al-Jamali, perdeu nove atletas, árbitros e treinadores por conta dos ataques suicidas e confrontos entre radicais islâmicos e soldados norte-americanos. Essas mortes fazem que, para Jamali, os Jogos Paraolímpicos de Pequim sejam muito mais que um evento esportivo. "Transmitiremos a todos os povos do mundo uma mensagem de amor e paz, que o Iraque ama a vida e a paz e quer viver em paz", disse Jamali. "Estamos decididos a seguir adiante, apesar do martírio que de nossos queridos irmãos", acrescentou. As mortes e a ameaça de atentados não impedem 31 atletas de irem três vezes por semana de suas casas até os campos de treinamento, em toda Bagdá, para se prepararem para os Jogos Paraolímpicos, que serão realizados na capital chinesa depois das Olimpíadas de agosto. Eles não só devem lidar com a violência indiscriminada, como também viver em uma comunidade que oferece poucos serviços especiais para pessoas incapacitadas. "Eu visitei 66 países, e em todos eles as pessoas com incapacidades pode se mover sem ajuda, porque dispõe de todos os serviços adaptados", disse Jamali. "Lamentavelmente, o Iraque passou por guerras absurdas e tem a seu redor três milhões de pessoas com incapacidades e o equipamento especial necessário para elas é escasso", avaliou. PESO DA VIOLÊNCIA Jamali disse que um dos atletas mortos desde a invasão encabeçada pelos Estados Unidos em 2003 era Qassem Matar. Ele jogava "goalball", um jogo de equipes inventado para participantes cegos. Ibrahim Abdullah, treinador da equipe de basquete em cadeiras de rodas, foi morto pelas tropas norte-americanas. Em julho de 2006, foram encontrados os corpos decompostos de pelo menos 13 integrantes da equipe iraquiana de taekwondo, mais de um ano após terem sido sequestrados em território dominado pela Al Qaeda ao oeste de Bagdá. Durante quase cinco anos de guerra e derramamento de sangue por conta da luta sectária, o esporte permitiu que os iraquianos deixassem de lado suas diferenças para apoiar a seleção em sua campanha até o título da Copa das Nações Asiáticas de 2007. Os atletas paraolímpicos também conhecem o êxito: nos Jogos de Atenas, em 2004, dois levantadores de peso ganharam medalhas de prata e bronze. Mas a falta de equipe e instalações de treinamento dificultaram o desafio para os que vão participar em Pequim, disse Jamali. "Não temos um só ônibus para levar os jogadores de suas casas ao treinamento", afirmou Jamali em seu escritório. MORAL ALTA A equipe de atletismo treina em um pequeno parque fora do estádio de Bagdá, que não conta com uma pista própria para a prática. "Sofremos porque não temos campos especiais para nós", disse o treinador Karim Mohammed, parado no parque com o som de uma ambulância e disparos esporádicos ouvidos à distância. "Apesar da dificuldade que sofremos, nós e o país, nossa moral está alta. Com a graça de Deus, levaremos a bandeira iraquiana até mais alto", disse Suhair Abdul-Amir, a única mulher da equipe de três integrantes para Pequim.

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