Publicidade

Ausência de Bach na Paralimpíada livra presidente do COI de prestar depoimento

Entidade diz que não existe plano de uma visita do dirigente ao Brasil

PUBLICIDADE

Por Constança Rezende , Jamil Chade e correspondente em Genebra
Atualização:

A ausência de Thomas Bach na abertura dos Jogos Paralímpicos impediu que a polícia da cidade carioca pudesse colher o depoimento do presidente da entidade por conta do escândalo da venda ilegal de ingressos. O Estado apurou que, depois de mensagens encontradas no telefone do principal suspeito, Pat Hickey, a participação de Bach no inquérito ganhou força, mesmo na condição de testemunha. 

Essa foi a primeira vez em 32 anos que o presidente do COI não participa dos Jogos Paralímpicos. O COI informou que "não existem planos" por enquanto para uma visita de Bach ao Brasil. Oficialmente, ele não viajou ao Rio por conta do funeral de estado de Walter Scheel, o ex-presidente da Alemanha Ocidental. O COI, porém, não explicou por qual motivo nenhuma outra viagem de Bach estaria programada para o evento.

Thomas Bach deve ser ouvido como testemunha em caso de cambismo no Rio-2016 Foto: David Goldman| AP

PUBLICIDADE

Tanto a polícia no Rio quanto o Ministério Público Federal indicaram que esperam a visita de Bach ao País para o ouvir "na condição de testemunha". No total, entre 2014 e 2016, 65 emails foram trocados entre Hickey e Bach. Num deles, o irlandês pede mais ingressos para os Jogos do Rio e chega a fazer uma comparação do que ele recebeu em Londres, em 2012, o quanto teria sido beneficiado quatro anos depois. 

Fontes que investigam o caso confirmaram ao Estado que outro ponto que levantou o interesse por Bach foi "a troca de mensagens nos telefones" entre os dois dirigentes. 

O Estado revelou com exclusividade em agosto que eram ingressos da "família olímpica" que estavam alimentando a rede de cambistas pegos pela polícia do Rio nos primeiros dias dos Jogos.A reportagem apontou que essas entradas vinham do Comitê Olímpico Irlandês, presidido por Pat Hickey, um dos homens mais fortes também dentro do COI. Uma semana depois, Hickey era preso no Rio. 

No Brasil, tanto o MP quanto a polícia tem se queixado da falta de cooperação do COI e não descartam a possibilidade de intimar Bach a prestar depoimento. Se isso ocorrer, um processo de cooperação internacional terá de ser acionado para que esse depoimento seja colhido na Suíça. 

Dirigente irlandêsPatrick Hickeyfoi preso no Rio de Janeiroem 17 de agosto Foto: Jack Guez/AFP

O COI, de seu lado, garante que "está cooperando" com as autoridades brasileiras. Mas, desde a eclosão da crise no Rio, insistiu que esse era um tema para ser resolvido entre os dirigentes irlandeses. 

Publicidade

O que os investigadores querem saber, agora, é qual foi a participação de Bach e por qual motivo Hickey tinha a liberdade de simplesmente pedir mais ingressos.

Hickey, já indiciado, pode pegar de oito a dez anos de prisão no Brasil por venda ilegal de ingressos. O caso ainda precisa passar por um juiz. Mas o processo promete levar pelo menos 18 meses para que seja de fato iniciado. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.