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Austrália adota esquema de segurança inédito para tocha olímpica

Por ROB TAYLOR
Atualização:

A polícia australiana deu início a uma operação de segurança sem precedentes na capital do país, na quarta-feira, a fim de proteger a tocha olímpica de manifestantes na mais recente escala da atribulada jornada desse símbolo dos Jogos de Pequim pelo mundo. A China apostava que a peregrinação internacional da chama olímpica servisse como um emblema de unidade antes das Olimpíadas. No entanto, em vários locais a tocha atraiu protestos anti-China devido aos abusos de direitos humanos cometidos no país asiático e devido às ações repressivas realizadas no Tibet. A esses protestos opuseram-se, em diferentes lugares, manifestações pró-China. "Todo o planejamento realizado até agora prevê que haverá percalços", afirmou o comandante da polícia em Canberra, Mike Phelan. "Mas tenho toda a confiança que nos mobilizamos o suficiente." A passagem da tocha pela Austrália ocorre na quinta-feira, mas manifestantes pró-Tibet, usando fachos de laser, já projetaram na famosa ponte Sydney Harbour a frase: "Não incendeiem o Tibet" ("Don't torch Tibet", no original -- "torch" significa tanto "incendiar" quanto "tocha"). Na quarta-feira, um grupo de exilados tibetanos em greve de fome concluiu uma caminhada de 70 quilômetros até Canberra e aderiu a uma vigília à luz de velas realizada do lado de fora da embaixada chinesa para protestar contra a passagem da tocha. "Nós caminhamos durante três dias sem comer e vamos colocar fim ao nosso jejum hoje, às 22h. O mais velho dentre nós, que tem 65 anos, foi prisioneiro político no Tibet, e o mais novo, uma menina de 13 anos, é filha de prisioneiros políticos mantidos no Tibet", afirmou à Reuters o líder dos manifestantes, Tenpa Dugak. A chama olímpica, levada em um avião oficial dos Jogos de Pequim, aterrissou em uma base da Força Aérea da Austrália em Canberra, sob um esquema de segurança visto apenas quando da passagem de líderes estrangeiros pela cidade. Autoridades locais afirmaram que o esquema de segurança a ser adotado na quinta-feira seria maior do que aquele instalado durante a visita do presidente dos EUA, George W. Bush, em 2003. Milhares de ativistas pró-Tibet prometeram realizar mobilizações pacíficas durante a quinta-feira. E milhares de estudantes chineses devem participar de um evento para defender a China. Simpatizantes da causa tibetana atrapalharam a passagem da tocha por Londres, Paris e San Francisco, fazendo com que as autoridades abreviassem o trajeto percorrido pelo símbolo olímpico na Índia, na Malásia e na Indonésia. Os organizadores australianos do evento desistiram da possibilidade de passar com a tocha na frente da embaixada chinesa, que fica perto do Parlamento da Austrália, temendo que essa missão diplomática fortemente protegida fosse palco de conflitos. Um contingente adicional de centenas de policiais foi convocado para proteger a chama, que será carregada por 80 pessoas ao longo de 16 quilômetros de ruas barricadas. Meios de comunicação afirmaram que a Embaixada da China contratou 20 ônibus para levar até Canberra simpatizantes vindos de Sydney e de Melbourne. "Nós somos um país democrático. Se as pessoas desejam protestar, cabe a elas decidir. Mas elas precisam fazer isso pacificamente," disse à Reuters Kevan Gosper, porta-voz do Comitê Olímpico Internacional (COI) após assistir à chegada da chama. Em Tóquio, para a onde a tocha viaja após a Austrália, as autoridades pretendem cercá-la com uma tropa de choque e outros cem policiais comuns, que formariam duas fileiras de isolamento, afirmaram meios de comunicação na quarta-feira.

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