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Baía de Guanabara afasta temores e ganha elogios dos atletas

Local foi foco de muitas preocupações que antecederam os Jogos

Por Clarissa Thomé
Atualização:

Coube à iatista americana Paige Railey, de 29 anos, resumir o sentimento dos atletas de vela ao fim do primeiro dia de competições. “Eu queria poder pular do barco e nadar”, disse, depois de um dia de sol, águas claras e nenhum lixo boiando. A sujeira na Baía de Guanabara foi uma grande preocupação pré-Olimpíada, mas o temor de regatas prejudicadas por sacos plásticos agarrados na quilha ou no leme parece ter ficado para trás.

Os velejadores estiveram bem mais preocupados com as armadilhas das correntes e ventos instáveis provocados pela geografia da baía e a chegada de uma frente fria na quarta-feira.

Baía de Guanabara Foto: Divulgação|Ministério da Ciência e Tecnologia

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Os temores de atletas e da World Sailing, a federação internacional de vela, não eram infundados. O compromisso de despoluir a baía em 80% não foi cumprido e incidentes no evento-teste fizeram aumentar as incertezas em relação às provas. O barco de Isabel Swan e Samuel Albrecht virou em alta velocidade, depois que um saco plástico se prendeu ao leme.

Semanas depois das regatas, o alemão Erik Heil, de 27 anos, da 49er, relatou ter tido infecções bacterianas nas pernas provocadas pela água da baía. A acusação foi considerada infundada pelo governo fluminense. Estudo encomendado pela agência de notícias Associated Press apontou níveis altos de vírus e bactérias em locais de provas.

O tema da infecção de atletas voltou à baila na última quinta-feira, quando Wil Van Bladel, técnico da belga Evi Van Acker, medalhista de bronze da Laser radial em Londres-2012, disse que ela havia se sentido mal depois das regatas da véspera.

Robert Scheidt enfrentou ondas altas, mas limpas Foto: Fabio Motta/Estadão

De acordo com Bladel, Evi, de 30 anos, contraiu uma gastroenterite em julho, após treinar no Rio, e ainda não está totalmente recuperada. Andy Hunt, diretor executivo da World Sailing, minimizou o episódio. Ele lembrou que a belga foi a única atleta a relatar mal-estar entre os mais de 300 que entraram no mar da baía nas regatas.

“Era só vocês terem ido para fora que iam ver a quantidade de onda que tinha. Ela ficou mareada”, desdenhou Marco Grael, da 49er, filho do coordenador da equipe brasileira da vela, o consagrado iatista Torben Grael, com cinco medalhas olímpicas no currículo.

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Desde 20 de julho, a Secretaria de Estado do Ambiente faz medições diárias da água da baía nas sete raias de competição. Os níveis de bactérias têm estado próprios para o contato primário, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) – a vela é esporte de contato secundário. A OMS não estabelece parâmetros para vírus.

A Secretaria do Ambiente adotou paliativos para conter o lixo: instalou barreiras em 17 rios que deságuam na Guanabara. Nos dias de prova, 12 barcos coletam o que escapou da contenção.

Alívio. Uma universidade americana anunciou que havia feito roupas com proteção antimicrobiana para a equipe de remo de seu país, mas as vestimentas não foram adotadas na vela.

O americano Joe Morris, da 49er, queixou-se da atenção que condições climáticas e da baía ganham, em lugar das “conquistas de quem trabalhou duro” para chegar à Olimpíada.

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A limpeza das raias surpreendeu até mesmo Ricardo Winicki, o Bimba, windsurfista brasileiro, que frequenta a baía desde os 11 anos. “Vi um pouquinho de folha de amendoeira, mas eu não tenho nada a reclamar. É até meio milagroso: três dias de regata e nenhum lixinho na quilha”, ironizou.

A única queixa maior sobre o lixo partiu da italiana Flavia Tartaglini, que lidera as competições de windsurfe feminino. No primeiro dia de regata, ela contou ter se deparado com um “grande pedaço de árvore”. Disse que precisou pular da prancha e nadar para soltar os galhos, o que fez com que perdesse posições, mas nada que afetasse seu desempenho geral.

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