Balanço dos Jogos de Pequim gera divisão na Europa

Enquanto alguns comemoraram progressos, outros criticaram a falta de liberdades na China

PUBLICIDADE

Por EFE
Atualização:

Os deputados da subcomissão de Direitos Humanos do Parlamento Europeu se mostraram bastante divididos ao realizar um balanço sobre a situação na China durante os Jogos Olímpicos de Pequim. Enquanto alguns comemoraram os progressos registrados recentemente no respeito aos direitos humanos durante a competição, outros criticaram a falta de liberdades no país e a "hipocrisia" do evento, encerrado no domingo. "Os Jogos Olímpicos foram o crepúsculo da defesa dos direitos humanos no mundo", disse a parlamentar polonesa Hanna Foltyn-Kubicka, do grupo União para a Europa das Nações. Segundo ela, o Governo chinês foi o "grande vencedor" da competição. Na mesma linha se mostrou Jozef Pinior, vice-presidente da subcomissão de Direitos Humanos.: "Os Jogos foram tristes, apesar do esporte, pois não houve liberdade de imprensa, a internet esteve controlada e não houve respeito à liberdade política", disse. No entanto, Pinior comentou que o regime chinês está "evoluindo e se modernizando", apontando que a Europa não deveria pensar apenas nas críticas. O irlandês Colm Burke, do Partido Popular Europeu, pediu que os deputados fossem "construtivos" e reconhecessem que a Chinaregistrou "grandes progressos" em matéria de direitos humanos durante os últimos anos, e que os Jogos Olímpicos ajudaram no processo do país. Em geral, os deputados disseram que as mudanças na China devem vir "de dentro", mas a comunidade internacional pode pressionar Pequim para acelerá-las. Outros, como o conservador Edward McMillan-Scott, disseram que a Eurocâmara deve pressionar a comunidade internacional para buscar esclarecimentos sobre as "milhões de mortes" pelas quais, segundo ele, o regime comunista é responsável ao longo de sua história. "O mundo esperava que os Jogos Olímpicos pudessem mudar as coisas na China, mas não foi o caso", ressaltou. Para Raül Romeva, (Grupo Os Verdes/Aliança Livre Européia), o Comitê Olímpico Internacional (COI) "se precipitou" concedendo a Pequim o direito de sediar os Jogos a Pequim. Segundo este parlamentar espanhol, a Eurocâmara deve seguir analisando a evolução dos direitos e liberdades na China. A presidente da subcomissão de Direitos Humanos, Hélène Flautre, anunciou a intenção do Parlamento Europeu de enviar uma missão parlamentar à China para estudar assuntos como a situação das minorias, a liberdade de expressão e a pena de morte, entre outros. Em discurso no parlamento, o especialista Yiyi Lu se mostrou otimista e disse que, embora "não tivessem sido registradas mudanças radicais, alguns passos foram dados" na questão dos direitos humanos relativa aos Jogos Olímpicos. Para a Anistia Internacional (AI), Pequim não cumpriu as promessas feitas antes dos Jogos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.