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Bernardinho sonha com ouro para fechar ciclo da seleção

Treinador e vários jogadores podem se aposentar após a final contra os EUA; jogo vale o tri Olímpico

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Foto do author Robson Morelli
Por Robson Morelli
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O ciclo de Bernardinho no comando da seleção brasileira masculina de vôlei pode estar chegando ao fim. A decisão contra os Estados Unidos pela medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de Pequim, na madrugada de sábado à 1 hora de Brasília (acompanhe pelo estadao.com.br), pode encerrar sua participação de oito anos à frente da equipe que mais ganhou na história da modalidade. A 'família Bernardinho' se separa na China, mas segundo o próprio treinador ela jamais deixará de existir. Veja também: A campanha brasileira na Olimpíada de Pequim  Vôlei feminino do Brasil é medalha de ouro em Pequim Desde que chegou a Pequim o técnico tem repetido a expressão "fim de ciclo" para se referir a alguns de seus jogadores, como Anderson e Gustavo, que já avisaram que deixarão a seleção, e até mesmo o capitão Giba, que ainda não se decidiu pela aposentadoria. Nesta sexta-feira, pela primeira vez o técnico se incluiu nesse time. Foi e voltou no assunto algumas vezes. Pegou no pé dos críticos e disse que o vôlei virou tema de botequim no Brasil. Por isso, admitiu sua vontade de dar um tempo. Pensa em deixar a seleção e fazer outras coisas na carreira. "Estou cansado. Ainda não sei o que farei depois dos Jogos. A possibilidade de eu ir para fora do Brasil é zero nesse momento. Só sei que não vou ficar longe das quadras e que jamais serei dirigente esportivo, mas estou fazendo um balanço de tudo. Depois disso aqui vou parar e pensar melhor para tomar uma decisão. Para mim, o ouro contra os Estados Unidos será importante para fechar esse ciclo magnífico de todos nós", admitiu. O treinador ainda não tinha ventilado qualquer possibilidade de abandonar a Seleção Brasileira a curto prazo. Em 2004, contou ter encontrado Luiz Felipe Scolari, de quem ficou amigo, e ouviu do atual treinador do Chelsea o conselho de que não pensava em voltar à seleção brasileira de futebol. Disse que não suportaria ser "vidraça" novamente, depois do pentacampeonato mundial. Bernardinho não esqueceu as palavras de Felipão. O ouro olímpico o faria sair em grande estilo após oito anos de muitas conquistas - até agora, só para ficar nos títulos mais importantes, são dois Mundiais, seis edições da Liga Mundial e duas Copas do Mundo, além do ouro de Atenas/2004. MEDALHAS DO BRASIL NO VÔLEI Prata - Los Angeles/1984: masculino Ouro - Barcelona/1992: masculino Bronze - Atlanta/1996: feminino Bronze - Sydney/2000: feminino Ouro - Atenas/2004: masculino Ouro - Pequim/2008: feminino Nesse vaivém sobre sua possível saída da seleção, o treinador também comentou sobre algumas das lições que essa geração deixará para quem está chegando e para os que ficam. "Chinelinho aqui não tem vez. Se o cara chega, mesmo sendo muito bom jogador, e não quer trabalhar duro como os outros, o próprio time não deixará que ele fique. Há coisas nesse grupo que já estão enraizadas." Bernardinho também admitiu que não teria como recusar um apelo para ficar caso os atletas lhe pedissem para ficar, embora não acredite muito nessa possibilidade. Todos no elenco sabem de sua dedicação nesses anos todos e não colocariam o chefe contra a parede para mais uma temporada desgastante, sobretudo se o ouro não vir em Pequim. "Mas, se me pedirem para ficar, não tenho como recusar. Devo isso a eles. Não teria como dizer não." Uma coisa Bernardinho tem claro na cabeça: não suporta recomeçar um novo ciclo olímpico para os Jogos de Londres em 2012. É muito tempo até lá. "Mais quatro anos para mim na seleção é fisicamente impossível." Como sabe que um treinador precisa começar com o time o trabalho de preparação de uma Olimpíada, acha que não seria justo com a seleção permanecer mais um ano e depois sair. Atrapalharia a continuidade do trabalho para Londres/2012. Sua vontade é tirar uns seis meses de férias para estudar numa universidade, mas também acha o plano inviável no momento. Ele tem contrato com o Rexona/Ades e sabe que há muitas pessoas atrás dele nesse projeto. Não poderia abandoná-las. "É muito difícil sair de tudo isso de uma hora para outra. Há muitas pessoas envolvidas que dependem de mim." Tem planos ainda de dedicar mais tempo para a sua editora de livros. Quer fazer um catálogo somente sobre esportes. É um trabalho que lhe agrada e a forma encontrada por ele para transmitir ao público o conhecimento técnico e de vida de pessoas mais bem preparadas em diversas modalidades. Tudo isso será pensado por ele após os Jogos na China. Por isso, sonha em fechar sua passagem com chave de ouro. "Há três situações para vencer uma competição: ser muito melhor que o outro, estar mais bem preparado e ter causas que fortaleçam o grupo. Os Estados Unidos têm uma boa causa, o assassinato do sogro do técnico aqui em Pequim. Mas nós também temos a nossa causa", conclui.

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