Boxe do Brasil perde, fica sem medalha, mas comemora

Segundo a comissão técnica brasileira, delegação fez a melhor campanha do País na modalidade na história

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Por Alberto Alerigi Jr.
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Rick Bowmer/AP Brasileiro Washington Silva disputa seu último combate nos Jogos Olímpicos de Pequim, na China  PEQUIM — O boxe brasileiro não conseguiu passar às semifinais da Olimpíada de Pequim, perdendo a chance de conquistar ao menos o bronze, mas fechou sua participação nos Jogos com a melhor campanha da história, segundo um técnico da delegação do país.     Nesta terça-feira, o baiano peso mosca-ligeiro Paulo Carvalho perdeu para o cubano canhoto Yampier Hernandez, por 21 a 6, e o paulista Washington Silva, meio-pesado, perdeu por 8 a 0 para o também canhoto Kenny Egan, da Irlanda.   Silva atuou depois de sofrer, há cerca de três meses, uma lesão no joelho direito que limitou seu treinamento e sua movimentação no ringue do Ginásio dos Trabalhadores, de Pequim. Apesar das derrotas desta terça-feira, o técnico Luiz Barreto afirmou que a campanha em Pequim "é a melhor do boxe brasileiro, com cinco vitórias". A única medalha que o Brasil conquistou no boxe em Jogos Olímpicos foi obtida pelo peso mosca Servilio de Oliveira, em 1968, no México. Carvalho, 22 anos e primeira Olimpíada, chegou às quartas-de-final depois de derrotar o marroquino Redouane Bouchtouk, 17.º colocado em Atenas-2004, e o ganês Manyo Plange. Integrante da seleção brasileira de boxe há três anos, ele conta com uma dispensa no trabalho como auxiliar de limpeza numa empresa de serviços terceirizados de São Paulo para seguir com os treinamentos. "Quero agora voltar para o Brasil e me preparar para o próximo ciclo olímpico. Fazia muitos anos que o Brasil não chegava às quartas em minha categoria (até 48kg) e eu consegui ficar em quinto nos Jogos Olímpicos", disse ele ao final da luta. Carvalho, tricampeão brasileiro, começou bem contra Hernandez, de quem já tinha ganho na República Dominicana em 2007. Mas depois de fazer 2 a 0 no final do primeiro round, o cubano começou a encaixar melhor os golpes, virando a luta e obrigando o brasileiro a se expor mais. "Cada luta é uma luta. Ele (Hernandez) está bem mais técnico que em 2007", disse Carvalho, em noite que contou com a presença do ex-campeão mundial dos pesos pesados Evander Holyfield. Depois de iniciar o segundo round em 4 a 2 para Hernandez, a vantagem do cubano cresceu para 8 a 3, com o brasileiro tentando se aproximar do cubano para encaixar seu estilo de combate, mas sem sucesso. Os dois últimos rounds serviram apenas para o cubano ampliar ainda mais sua distância no marcador, para 21 a 6. O combate de Silva, que chegou às quartas-de-final depois de superar o haitiano Azea Augustama e o ganês Bastie Samir, começou truncado, com o primeiro ponto sendo atribuído ao irlandês quando faltava cerca de um minuto para o fim do round inicial, que terminou em 3 a 0. Durante a luta, ficou evidente que o irlandês soube explorar a fraqueza do joelho de Silva ao se movimentar bastante e manter longa distância do brasileiro, que manteve a guarda fechada a maior parte do tempo e chegou a aplicar alguns golpes contra o adversário que não foram computados. "Não cometi erros, foi uma fatalidade de trabalho", disse Silva, referindo-se a sua movimentação no ringue. O boxeador, de 30 anos, afirmou que esta é sua última participação olímpica. Ele vai voltar para São Paulo nos próximos dias onde se submeterá a uma cirurgia para tratar o joelho. Silva ainda pretende "reabrir o departamento de boxe do Corinthians, fechado em 2004, para atuar como técnico em 2009", afirmou.  

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