Brasil perde o ouro para os Estados Unidos no futebol feminino

Seleção brasileira cai na tática norte-americana e paga caro por isso com a derrota por 1 a 0, na prorrogação

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Por Alan Rafael Villaverde
Atualização:

 Roberto Candia/AP  POR POUCO - Marta desolada com mais uma derrota da seleção brasileira numa final de competição SÃO PAULO - O ouro olímpico, infelizmente, continua sendo um apenas um sonho para seleção feminina de futebol que, nesta quinta-feira, perdeu para as rivais norte-americanas por 1 a 0, na prorrogação, ficando novamente com a medalha de prata, como acontecera nos Jogos de Atenas-2004, diante da mesma adversária. Veja também:  Direto de Xangai - O jornalista Robson Morelli analisa a derrota do Brasil  Brasil sempre chega em finais, por que não ganha? A campanha brasileira na Olimpíada de Pequim  Marta se pergunta: o que acontece com a seleção em finais?  Goleira do Brasil diz que faltou variação tática à equipe  Barcellos lamenta 'falta de competência' da seleção brasileira A medalha de ouro em Pequim premiaria não só a atual geração, comandada por Marta e Cristiane, mas dá um novo alento ao futebol feminino, marginalizado apesar dos resultados expressivos conquistados nos últimos anos, como o vice na Olimpíada de Atenas-2004, o ouro no Pan do Rio de Janeiro, em 2007, e o vice-campeonato mundial, disputado justamente na China. O futuro continua incerto para a modalidade. O FARDO CONTINUA A conquista do ouro não foi nada fácil. Apesar do favoritismo, a seleção brasileira encontrou uma adversária determinada a anular as tabelas na entrada da área e, quando necessário, contra-atacar em velocidade. Marta e Cristiane, as principais jogadoras do Brasil, foram anuladas e Daniela Alves, que tinha sido até então o trunfo na competição, nada fazia para criar chances pelas laterais. Com duas linhas de quatro marcadoras, os Estados Unidos não sofreram pressão alguma do Brasil no primeiro tempo. A história mudou no segundo. Adiantando sua marcação no meio-campo, a seleção brasileira passou a roubar a bola com mais freqüência e criar algumas jogadas, tendo como ápice um lance aos 21, quando Marta passou por duas marcadoras e chutou forte, exigindo grande defesa de Solo.  Brasil 0 Bárbara; Érika, Tânia Maranhão e Renata Costa; Simone (Rosana    ), Formiga (Francielle), Daniela Alves (Fabiane), Ester e Maycon; Marta e Cristiane Técnico: Jorge Barcellos  Estados Unidos 1 Hope Solo; Kate Markgraf, Christie Rampone, Mitts     e Lori Chalupny; Angela Hucles, Shannon Boxx, Lindsay Tarpley (Cheney) e Lloyd; O\'Reilly (Kai) e Amy Rodriguez (Cox) Técnico: Pia Sundhage Gols: Lloyd, aos seis minutos do primeiro tempo da prorrogação Árbitro: Dagmar Damkova (CZE) Renda: não disponível Público: 51602 total Estádio: dos Trabalhadores, em Xangai O lance, no entanto, não trouxe a vivacidade esperada à seleção brasileira. Assim, os Estados Unidos, dentro de sua estratégia, percebeu que cansara a adversária. Espertamente, a técnica Pia Sundhage mudou o esquema, colocando mais uma atacante. O contra-ataque norte-americano funcionou e, se não fosse pela goleira Bárbara, a derrota teria acontecido nos cinco minutos finais de jogo. O CONTRA-ATAQUE FUNCIONA Com a tática certa em mãos, a seleção norte-americana tratou de liquidar com a partida no início da prorrogação, como fizera em Atenas. Aos seis minutos, Lloyd passou como quis pela esquerda e, da entrada da grande área, chutou cruzado para abrir o placar. O gol fez o pesadelo de um novo fracasso ressurgir nas mentes das jogadoras, que passaram a dar chutões à espera de alguma oportunidade. Marta, visivelmente abalada, tentava resolver o jogo com seus pés e, assim, precipita-se nas conclusões.  Já na base do "desespero", a seleção teve duas grandes chances para ao menos levar a decisão para os pênaltis, mas a falta cobrada pela camisa 10 do Brasil passou rente à trave esquerda do gol norte-americano. Aos 15 do segundo tempo da prorrogação, Renata Costa pegou o rebote de um escateio cobrada por Marta e, sozinho, chutou forte, mas a bola bateu na rede pelo lado de fora do gol. Como em 2004, o sonho do ouro olímpico parou no pragmatismo norte-americano, superior à ansiedade brasileira.

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