Mesmo que o futebol brasileiro, feminino e masculino, já tenha estreado com goleada nos Jogos Olímpicos de Tóquio, a cerimônia de abertura é um momento que todo mundo quer assistir. A abertura da Olimpíada será realizada às 8h (horário de Brasília) desta sexta-feira, dia 23, no Estádio Olímpico de Tóquio, palco das principais competições da disputa.
Um dos momentos de maior audiência de toda a edição, a abertura virou uma espécie de cartão-de-visitas do país-sede. Idealizada para apresentar a história, a cultura e o jeito de ser do anfitrião, as cerimônias oficiais vão além e tentam captar a alma de um país, o que ele considera importante e a mensagem que gostaria de mandar para milhões de espectadores. Mesmo com algumas regras a serem seguidas pelo protocolo do COI, algumas cerimônias de abertura foram especialmente marcantes ao longo da história olimpíca. O Estadão conta a história de algumas delas.
Rio-2016
Cinco anos atrás, o Maracanã foi o palco da abertura dos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Com orçamento reduzido por conta da crise econômica, o evento buscou alternativas mais baratas, como milhares de painéis de LED. Desfilaram pelo gramado a diversidade cultural brasileira com história, poesia, funk, MPB e preocupação ambiental.
A história do Brasil foi contada com os índios, os portugueses, negros escravos, os imigrantes e a mestiçagem cultural do país. O cantor Paulinho da Viola entoou o Hino Nacional Brasileiro e a modelo Gisele Bündchen desfilou ao som de "Garota de Ipanema". Uma réplica do 14 Bis decolou do meio do Maracanã. A festa foi bonita, com forte apelo visual, foi muito elogiada nas redes sociais e também pela imprensa internacional.
Pequim-2008
Os chinenes gastaram US$ 100 milhões na cerimônia mais cara até agora dos Jogos. Foi o momento de apresentação de uma nova China ao mundo. Mais de 14 mil pessoas participaram da festa, que misturou tecnologia de ponta e simbolismo cultural antigo. A cerimônia de Pequim-2008 começou às 8 horas da noite do dia 08/08/08. Tudo foi uma demonstração de grandeza, desde a contagem regressiva com fogos de artifício simulando pegadas de gigante até 2008 músicos tocando tambor. O ginasta Li Ning sobrevoou o estádio antes de acender a pira olímpica. Foi uma demonstração gigantesca de poderio e força, tradição e cultura de uma China que começava a falar alto no planeta.
Sydney-2000
A partir dos anos 2000, as cerimônias passaram a tocar num ponto que se tornou uma grandes preocupações da humanidade: a sustentabilidade. A cidade de Sydney foi a primeira a levantar a bandeira e transformou os Jogos da Austrália nos Jogos Verdes da Autrália. A preocupação com a poluição dos oceanos refletiu a preocupação do próprio país. A Baía de Homebush, antes poluída pela ação das indústrias, passou por uma limpeza cuidadosa e recebeu o parque olímpico.
Pela primeira vez, uma mulher foi a porta-bandeira do Brasil: Sandra Pires, campeã olímpica do vôlei de praia em Atlanta-1996 ao lado de Jaqueline Silva. O mundo pôde conhecer melhor a história dos australianos. O Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou nesta quarta-feira, após aprovação de sua diretoria executiva, que a cidade australiana de Brisbane será a sede dos Jogos Olímpicos de 2032. Esta será a terceira vez que a Austrália vai receber uma edição das Olimpíadas, repetindo os anos de 1956 (Melbourne) e 2000 (Sydney).
Moscou-1980
Os Jogos de Moscou-1980 viveram o maior boicote da história olímpico. Em protesto à invasão do Afeganistão pela então União Soviética, os Estados Unidos e mais 64 países se recusaram a participar. Em resposta, os soviéticos prepararam uma festa marcante. Foi a primeira grande cerimônia da história, inaugurando um formato de apresentação. O ursinho Mischa se tornou uma das mascotes mais simpáticas da história da Olimpíada.
Pela primeira vez, o mosaico humano, mostrando imagens na arquibancada, foi utilizado numa abertura de Jogos Olímpicos. Dois astronautas participaram ao vivo da festa. Cinco gigantes pirâmides humanas formaram os anéis olímpicos no gramado.
Atlanta-1996
Os Jogos de Atlanta proporcionaram uma das cenas mais emociantes logo na abertura. O maior pugilista de todos, Muhammad Ali, medalha de ouro em Roma-1960 ainda como Cassius Clay, acendeu a pira. Não podia ter homenagem maior. Portador da Doença de Parkinson à epoca, o ex-atleta de 54 anos teve dificuldades para erguer a tocha com as mãos trêmulas para acender o fogo olímpico. Uma imagem marcante.
Tóquio-1964
Os Jogos Olímpicos de 1964, os primeiros da Ásia, inauguram a transmissão para a Europa e América do Norte ao vivo e em via satélite. Foi aí que a cerimônia começou a ganhar o status de espetáculo. A TV começava a mostrar seu potencial no mundo todo. O responsável por acender a pira olímpica foi Yoshinori Sakai, que nasceu no dia do bombardeio a Hiroshima pelos Estados Unidos. Aviões formaram os anéis olímpicos no céu da capital japonesa. A primeira edição dos Jogos no Japão seguramente será uma referência para a cerimônia desta sexta. O Estadão relembrou a edição na reportagem especial "A Olimpíada que apresentou um novo Japão ao mundo".