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Maiores ciclistas de estrada não se enfrentarão no Rio de Janeiro

Froome, Sagan e Cavendish irão disputar competições diferentes

Por José Roberto de Toledo
Atualização:

Eles são três das maiores estrelas mundiais do ciclismo de estrada. Mas, ao contrário do que ocorreu há poucos dias na França, não vão se enfrentar no Rio. O britânico Chris Froome, tricampeão da Volta da França, o eslovaco Peter Sagan, cinco vezes consecutivas vencedor por pontos da mesma competição, e o também britânico Mark Cavendish, vencedor de 30 etapas do tour francês, vão correr provas diferentes durante a Rio-2016.

Cada um optou pela competição na qual imagina ter mais chances de ganhar medalhas. Froome será o único a se manter na estrada. Vai disputar o contrarrelógio de 54,6 quilômetros e os 237,5 quilômetros da prova de rua, que ocorre neste sábado. É dos favoritos. Não só por ter vencido as últimas duas edições do Volta da França (a prova máxima do esporte), tampouco por ter a seu serviço a equipe britânica, uma das mais fortes do mundo. O que conspira a seu favor é a geografia.

Mark Cavendish, vencedor de 30 etapas da Volta da França, estará no ciclismo de pista Foto: FABIO MOTTA | ESTADÃO CONTEÚDO

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No ciclismo de estrada, a equipe puxa o corredor mais forte até a linha de chegada, pedalando à sua frente, quebrando o vento e fazendo vácuo para que ele poupe energia e tenha força suficiente para dar um sprint arrebatador no final. Esse era o plano dos britânicos em Londres-2012. Naquela Olimpíada, a preparação foi em torno de Cavendish, um dos sprinters mais rápidos da história. Froome era um dos seus “domestique” (ou servidores), como são chamados os coadjuvantes da equipe. Mas tudo deu errado e Cavendish foi apenas o 29.º.

Quatro anos depois, o velocista trocou o asfalto pela madeira. Cavendish vai disputar duas provas dentro do velódromo: o ominium e a perseguição por equipes. A razão de ter desistido da estrada no Rio é a mesma que levou o campeão Peter Sagan a surpreendentemente optar pelo cross country olímpico em vez da modalidade que o consagrou nos últimos anos: o montanhoso circuito de rua carioca.

Chris Froome é tricampeão da Volta da França Foto: ERIC GAILLARD | REUTERS

“Esse circuito não é para mim”, disse Sagan, depois de experimentá-lo no começo do ano. “É mais propício aos escaladores puros”, completou, referindo-se aos ciclistas cujo biotipo os torna especialistas em subir montanhas. Escaladores são os muito magros, esguios e de ombros estreitos – como o colombiano Jarlinson Pantano, o espanhol Alejandro Valverde e o italiano Vincenzo Nibali. Este é um dos mais otimistas. “Parece que o circuito foi feito para mim”, declarou.

Com três voltas até a Vista Chinesa, no alto da floresta da Tijuca, e quatro em Grumari e na Grota Funda, na zona oeste, o circuito de rua carioca é o mais montanhoso da história olímpica. Parece uma etapa alpina da Volta da França. São 3.151 metros de ganho de altitude, com rampas de até 24 graus de inclinação. Para piorar, a parte mais íngreme é no final.

Os 143 corredores partem às 9h30 do Forte de Copacabana pela orla, em direção a São Conrado. Ultrapassam o Joá e entram numa longa reta através da Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes. Essa parte é plana, mas, por ser à beira-mar, deve ter vento. Fazem os altos e baixos do circuito Grumari-Grota Funda quatro vezes e voltam pela Barra. Atravessam o Joá e emendam as subidas Canoas/Vista Chinesa três vezes. A chegada, mais de seis horas depois, será no plano, com um sprint de 500 metros ao longo da avenida Atlântica, em Copacabana.

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  Foto: Arte| Estadão

Em corridas difíceis assim, o pelotão compacto de atletas que costuma se formar nos trechos planos tende a se fragmentar. As equipes têm mais dificuldade de se manterem unidas e zebras podem acontecer.

No Rio, o Brasil será representado pelo estreante olímpico Kleber Ramos e por Murilo Fischer, que disputará a quinta olimpíada. Sua melhor colocação foi o 19.º lugar, em Pequim. / COLABOROU DEMÉTRIO VECHIOLLI