Clima entre torcidas preocupa dirigentes de Brasil e Argentina

No Rio-2016, já teve até troca de socos na arquibancada

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Por Suellen Amorim
Atualização:

Quando entrar em quadra, no sábado, pelo Rio-2016, o time masculino de basquete do Brasil possivelmente carregará a bandeira da Argentina, enquanto os hermanos deverão portar o pavilhão brasileiro. A troca de símbolos nacionais, na apresentação das equipes ao público, é uma das maneiras cogitadas pelo secretário de Esporte de Alto Rendimento brasileiro, Luiz Lima, e pelo secretário de Esportes, Educação Física e Recreação argentino, Carlos Javier Mac Allister, para acalmar a relação entre as duas torcidas na Rio-2016. Preocupados com as provocações mútuas e a rivalidade que podem virar violência, os dois se reuniram ontem para discutir estratégias que promovam a paz entre torcedores dos dois lados.

A preocupação dos dois governos aumentou no sábado quando um torcedor brasileiro trocou socos com um argentino, na partida de tênis entre o argentino Juan Martín Del Potro e o português João Sousa. O jogo chegou a ser paralisado por alguns momentos. Lima classificou o caso como “um episódio isolado”, que deveria ser punido com o banimento dos agressores dos Jogos Olímpicos. Já o secretário argentino se declarou “lamentavelmente surpreso” com o caso, porque diz ter percebido um clima de boas relações no Parque Olímpico. Declarou também que o episódio deixa uma imagem ruim da América do Sul para o mundo. Ambos, porém, se mostraram preocupados com a possibilidade de coisa pior acontecer.

Clima entre brasileiros e argentinos vem surpreendendo dirigentes Foto: EFE

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Segundo Mac Allister, a rivalidade deixou de ser uma provocação natural na Copa do Mundo de 2014 e passou a preocupar. Durante o Mundial, torcedores brasileiros e argentinos se envolveram em várias discussões e brigas dentro e fora dos estádios. Aparentemente, a partir de então, a relação entre as duas torcidas piorou muito.

Na Copa, torcedores argentinos chamados de barra-bravas, conhecidos por agir de forma violenta, foram monitorados em ação conjunta dos dois governos. Antes do início da competição, o governo argentino já havia enviado a autoridades brasileiras mais de 2.100 nomes de torcedores com antecedentes violentos. Durante o Mundial, o governo do Brasil acrescentou outros 400 nomes à lista.

Além da ação que deve ser feita no jogo de basquete de sábado, Mac Allister ainda disse que conversou com o Ministério das Relações Exteriores da Argentina para que os governantes passem mensagens públicas de amizade nos Jogos. Para o secretário argentino, os atletas devem aproveitar as entrevistas para incentivar atitudes pacíficas dentro e fora das arenas. “Não viemos buscar culpados, o que estamos defendo é que não haja discussões nem brigas”, disse.

Os dois pediram a torcedores brasileiros que tirem fotos abraçados com argentinos e postem nas redes sociais. O secretário Lima ainda disse que é preciso confiar no torcedor, para que não seja necessário separar as torcidas rivais. Já existe preocupação com a terceira edição dos Jogos Olímpicos da Juventude, que acontecerá na Argentina, em 2018. “A gente tem mais de 200 países convivendo em harmonia na Vila Olímpica. E essa harmonia tem de ir para a arquibancada”, disse Luiz Lima.

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