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COI avalia Jogos da China como 'impecáveis' e festeja legado

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Por SIMON DENYER
Atualização:

A China aproveitou o brilho de sua 51a medalha de ouro em casa e recebeu uma inequívoca aprovação do Comitê Olímpico Internacional neste domingo, último dia dos Jogos de Pequim. Os anfitriões terminaram bem à frente no quadro de medalhas, com 15 ouros a mais que os Estados Unidos. A última das 302 medalhas de ouro em disputa foi conquistada pela França, com a vitória na final do handebol masculino. O COI tirou de cena qualquer tipo de crítica sobre sua decisão de levar os Jogos à China. A instituição disse que uma Olimpíada não pode resolver todos os problemas do mundo, mas afirmou que ela deixa um legado positivo para a China. Os Estados Unidos foram menos entusiásticos, fazendo pressão para a libertação imediata de oito norte-americanos que foram presos por realizar protestos em favor da independência do Tibete durante os Jogos. "Nós estamos desapontados porque a China não aproveitou a ocasião de sediar uma Olimpíada para demonstrar mais tolerância e abertura", disse a Embaixada dos EUA em comunicado. No último dia de competição, Sammy Wanjiru, do Quênia, liderou o bloco todo africano dos ganhadores de medalhas na maratona, e levantando seus braços em triunfo, ele acelerou o ritmo ao entrar no estádio Ninho de Pássaro para os últimos metros da prova. Os norte-americanos também tiveram sua dose de emoção com o time de vôlei masculino, que bateu o Brasil, cuja equipe feminina havia vencido os EUA no dia anterior. A determinação da equipe em conquistar um título no último dia também foi reforçada pela lembrança do sogro do técnico do time, esfaqueado e morto em Pequim no primeiro dia dos Jogos. Houve a redenção dos americanos também no basquete masculino, com os gigantes da NBA batendo a Espanha por 118 x 107, em uma final emocionante, que deu à equipe o ouro que não chegou nos Jogos de Atenas, em 2004. FORÇA NOS PUNHOS A China conquistou mais dois ouros no último dia. Uma vitória surpreendente de Zou Shiming no ringue de boxe deu aos anfitriões seu 50o ouro, a primeira vez que um país chega às cinco dezenas desde que a União Soviética conquistou 55 ouros nos Jogos de Seul-1988. Também no boxe, Zhang Xiaoping levou o título dos meio-pesados, o 51o ouro chinês. Shining disse que estava "orgulhoso de mostrar a força do povo chinês com meu punho." Os anfitriões ficaram satisfeitos com o veredicto do COI. O presidente Jacques Rogge elogiou a operação "impecável", que estabelece padrões muito altos para Londres 2012. Ele disse que a entidade que comanda o esporte olímpico mundial não pode forçar mudanças em um estado soberano "ou resolver todos os males do mundo." Ainda assim, o país sede foi "observado" pelo mundo todo e promoveu algum tipo de abertura, disse ele. "O mundo aprendeu mais sobre a China, e a China aprendeu mais sobre o resto do mundo. E juntos, nós dividimos a empolgação e a dramaticidade dos Jogos", disse Rogge. O governo teve a intenção de investir de maneira pesada em esportes de massa para estimular o entusiasmo popular, e os Jogos também promoveram uma consciência mais apurada sobre as condições do meio ambiente na China. Rogge, no entanto, foi menos eloquente quando confrontado com a história de duas mulheres em seus setenta anos, que foram condenadas a um ano de reeducação por planejarem a realização de um protesto durante os Jogos. "A resposta que recebemos das autoridades é de que esta foi uma aplicação da lei chinesa", disse ele. "O COI não é uma organização soberana e temos que respeitas as leis da China." O ar poluído de Pequim foi uma das grandes preocupações da organização, e preocupações com a saúde levaram o recordista mundial da maratona, o etíope Haile Gebrselassie, a desistir de correr a prova na cidade chinesa. No fim das contas, este receio pareceu bastante infundado quando da realização da maratona, já que o governo gastou bilhões para limpar o ar nos últimos meses e uma tempestade na noite anterior se encarregou de fazer o resto.

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