COI defende sua neutralidade política perante a China

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Por NICK MULVENNEY
Atualização:

O Comitê Olímpico Internacional (COI), criticado por não se manifestar contra a situação dos direitos humanos na China antes dos Jogos de Pequim, defendeu na quinta-feira com vigor sua política de não-envolvimento na política. Hein Verbruggen, membro do COI, qualificou como "flagrantemente inverídico" um relatório da Anistia Internacional que concluiu nesta semana que a realização da Olimpíada na China piorou a situação dos direitos humanos. O holandês, presidente da comissão de inspeção do COI para os Jogos de Pequim, também criticou os políticos que propuseram boicotes à cerimônia de abertura, mas fazem grandes negócios com os chineses. "Não somos uma organização política, então a despeito de todas as críticas que recebemos não tenho medo de lhes dizer que não devemos nos manifestar em questões políticas", disse ele em entrevista coletiva ao encerrar a última inspeção do COI em Pequim. Apesar da recente repressão a protestos no Tibete, Verbruggen afirmou: "Dizer que os Jogos contribuem com um piora na situação dos direitos humanos --eu qualificaria isso como flagrantemente inverídico." Antes, o COI divulgara nota dizendo que não cabe à entidade "monitorar os direitos humanos ou pressionar os governos para realizar mudanças sociais, econômicas ou políticas." "Não influenciamos --nem mesmo tomamos partido -- em questões que dizem respeito a assuntos soberanos fora do nosso mandato", diz o texto. "A visibilidade e o simbolismo dos Jogos Olímpicos lança um holofote sobre quaisquer atividades do país anfitrião e chama a atenção para questões não-esportivas. Conceder os Jogos Olímpicos à China elevou o diálogo internacional a respeito da situação no Tibete", acrescentou a nota. Verbruggen disse que o envolvimento na política interna dos países anfitriões de Olimpíadas deixaria os Jogos propensos ao mesmo tipo de boicote que prejudicou as edições de Moscou-80 e Los Angeles-84. Ele acrescentou que qualquer decisão de boicotar a cerimônia de abertura ou as competições deveria partir de atletas, não de políticos. "Tenho pouquíssima admiração por políticos que vêm aqui assinar grandes contratos empresariais e três ou quatro meses depois dizem: 'Talvez eu não venha para a cerimônia de abertura"', afirmou. "Os atletas têm informação mais do que suficiente para fazer sua própria cabeça, e não cabe a algum político fazer uso barato do esporte ao mesmo tempo em que está assinando grandes contratos empresariais." (Reportagem adicional de Karolos Grohmann em Atenas e Ian Ransom)

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