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Crise no Rio não foi gerada por Jogos, diz cúpula do COI

Olimpíada não pode ser responsabilizada pela 'calamidade pública'

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Por Jamil Chade
Atualização:

A cúpula do COI sai em defesa de seu evento no Rio de Janeiro, em agosto, e insiste que não foi a Olimpíada que gerou a crise nas contas públicas no estado ou no País. Nesta terça-feira, a entidade realiza uma reunião considerada como fundamental para definir o futuro da Rússia nos Jogos em agosto. Mas, nas mentes de todos os dirigentes, era a situação do Rio de Janeiro que domina. 

Em declarações exclusivas ao Estado, dois dos principais vice-presidentes da entidade apontaram para o fato de que os Jogos não podem ser responsabilizados pela recessão e a "calamidade pública" decretada. “A crise é do País, do Brasil. Não da Olímpiada”, disse Yu Zaiqing, um dos quatro vice-presidentes da entidade.

COI afirma que Olimpíada não faz parte da calamidade pública do país Foto: Divulgação

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Yu explicou ao Estado que o COI mantinha um escalonamento de pagamentos para o Comitê Organizador da Rio-2016 e que, como forma de ajudar, houve uma antecipação de recursos que entrariam apenas em agosto. “Temos um calendário e não poderíamos fazer a transferência antes. Mas o COI decidiu ajudar”, apontou.

Segundo ele, o orçamento dos organizadores brasileiros “não estourou”. “Há um equilíbrio nas contas”, disse. “O problema é de fluxo de dinheiro e por isso houve a ajuda”, apontou. Apesar de um silêncio total da assessoria de imprensa do COI sobre a crise financeira no Rio de Janeiro, o Estado apurou que a questão financeira esteve no centro dos debates entre o presidente da entidade, Thomas Bach, e o presidente interino, Michel Temer. 

O alemão concordou em adiantar cerca de R$ 100 milhões para os organizadores. Mas cobrou do governo federal uma ajuda. Mas, dentro do COI, o uso do dinheiro público não seria substancial, depois que a entidade já cortou serviços, exigiu que as federações reduzisse suas ambições e ainda contribuiu inclusive com o envio de especialistas até o Rio.

Para Yu, cabe também ao governo e as autoridades garantirem uma ajuda ao evento. “Não é muito dinheiro”, insistiu, sem entrar em detalhes sobre como esses recursos iriam compor o pacote final da Rio-2016. “O governo precisa proteger sua reputação”, disse Yu.

John Coates, outro vice-presidente do COI e o homem que, há dois anos, declarou o Rio como sendo a pior preparação dos Jogos, indicou ao Estado que o dinheiro público estava sendo negociado para bancar a cerimônia de abertura. “Acredito que cerca de US$ 70 milhões podem ser fechados”, disse, sem dar detalhes da origem do dinheiro.O Estado apurou na semana passada que estatais estavam negociando com a Rio-2016 algum tipo de patrocínio. 

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Questionado sobre a crise financeira, Patrick Joseph Hickey, membro do Comitê Executivo do COI, preferiu manter um tom otimista. “Aposto na capacidade dos brasileiros de realizar coisas impressionantes”, afirmou. Para Sebastian Coe, presidente da Federação Internacional de Atletismo, os testes realizados em suas modalidades foram “razoavelmente bem sucedidos”. “Estou satisfeito”, completou.