O movimento olímpico vai saber, nesta quinta-feira, se a Rússia poderá ou não competir nas provas de atletismo nos Jogos do Rio. A decisão será anunciada pelo Tribunal Arbitral dos Esportes e deve também pautar o futuro de toda a delegação russa na Olimpíada de 2016.
O Tribunal julgará um recurso apresentado por 68 atletas que foram banidos do Rio pela Federação Internacional de Atletismo depois que um informe mostrou no mês passado como o governo havia orquestrado o doping de dezenas de esportistas. Atletas que se julgavam "limpos" atacaram a decisão. Uma delas é Yelena Isinbayeva, que ontem foi uma das esportistas que prestaram depoimento ao Tribunal.
Será a partir do julgamento desta quinta que o próprio COI vai estabelecer se o mesmo princípio de uma suspensão total poderia ser adotado também para todas as demais modalidades. Nesta semana, um segundo informe com novas revelações mostrou a fraude em 20 esportes. Uma decisão sobre essas demais modalidades pode ser anunciada no domingo.
O ex-presidente da WADA, Dick Pound, criticou ontem o COI por não estar disposto a adotar uma pena mais dura e ainda considerar brechas para Moscou. "Eles estão muito relutantes em uma exclusão total", disse. "O doping era endêmico. Era um programa institucionalizado", disse.
"O que temos é uma trapaça organizada por um governo em ampla escala", disse. "É necessário que se mande uma mensagem que impeça essa conduta", insistiu. Para ele, se o COI não agir, o dano será para todo o movimento olímpico. "Não se pode dizer : temos tolerância zero, salvo para a Rússia". Pound não esconde, porém, que não há dúvidas de que outros países também tem programas institucionalizados de doping.
Enquanto uma decisão final não é anunciada, o chefe do Comitê Olímpico Russo, Alexander Zhukov, desafiou a pressão internacional e anunciou que enviará uma equipe de 387 atletas ao Rio, incluindo os 68 esportistas que aguardam uma decisão hoje.
Para ele, não existem planos de boicotar os Jogos e garantiu que Moscou não quer ver a política envolvida no evento. "Tentativas de usar os Jogos como uma espécie de arma política fazem parte do passado distante", disse.