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Diante de falhas, COI apresenta nova lista de exigências ao Rio

Entidade vai praticamente se mudar para o Rio para garantir evento em agosto

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Por Jamil Chade e correspondente na Suíça
Atualização:

Diante de falhas registradas em eventos testes e da crise econômica, o Comitê Olímpico Internacional pressiona o Rio de Janeiro e apresenta aos organizadores das Olimpíadas uma nova lista de exigências e pedidos. O pacote reúne as demandas das diferentes federações esportivas, muitas delas irritadas com a situação dos locais das provas. Alguns dos pedidos o Rio já avisou que simplesmente não vai atender por falta de dinheiro. 

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Na última sexta-feira, em meio à festa da chegada da chama olímpica na ONU e no COI, o presidente da entidade mundial, Thomas Bach, se reuniu com o presidente do Comitê Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, para debater a crise. O alemão pediu que, de alguma forma, alguns dos pontos fossem atendidos e deixou claro que também vai agir para tentar encontrar soluções. 

Há uma semana, conforme o Estado revelou com exclusividade, documentos das federações esportivas criticaram de forma dura o Rio, chegando até mesmo a acusar o organizadores de os terem tornado "vítimas" de decisões políticas. De abastecimento de energia até a estrutura de arquibancadas, as críticas apontaram que muitas das instalações ainda precisariam passar por ajustes. 

Agora, um dos pedidos se refere ao complexo aquático. As federações envolvidas querem que o local, apesar de aberto, seja equipado com aparelhos de ar condicionado diante do calor que foi registrado nos testes. 

Membros da Rio-2016 já avisaram que essa opção está praticamente descartada por conta dos custos extras que o projeto representaria. Uma das alternativas estudadas é a de colocar ventiladores gigantes para fazer o ar circular.

Um dos pontos centrais do Comitê Organizador é de que o orçamento não irá ultrapassar a marca estabelecida de R$ 7,6 bilhões e a Rio-2016 garante que não irá solicitar recursos públicos para completar as instalações. "Não haverá um plano de resgate", contou um dos membros da equipe.

Um outro pedido se refere às quadras de tênis. A federação responsável avaliou que a cor escolhida - e aprovada por ela mesmo - não ficou satisfatória e solicitou que o local seja repintado. Esse pedido deve ser atendido pelo Rio.

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Missão - Nos próximos dias, Nuzman terá a missão de tentar encaixar as novas demandas, sem mexer no orçamento e ainda reduzindo eventualmente outros gastos para permitir que esses pedidos sejam atendidos. Para tentar garantir que as obras estejam concluídas, o COI antecipou seu desembarque no Rio e, a partir da semana que vem, terá uma equipe de quatro de seus principais diretores praticamente morando na cidade.

Membros do COI explicaram ao Estado que essa já foi a realidade em Atenas, em 2004. Mas tais medidas não foram necessárias nem na China em 2008 e nem em Londres, em 2012. "Viajamos um dia antes dos Jogos", comentou outro assessor de Bach.    Christophe Dubi, diretor do COI, é um dos principais nomes a desembarcar no Rio e deve permanecer três semanas por mês na cidade até agosto. Questionado pelo Estado sobre qual seria sua prioridade, ele foi taxativo: "tudo". 

"A fase final da preparação é sempre o momento que mais demanda dos organizadores", disse o presidente do COI, Thomas Bach.Mas ele também garantiu que o COI vai estar "ao lado do Rio", indicando que está disposto a entender a crise brasileira. "Eles sabem que tem muito a fazer e estamos ao lado deles para superar os desafios que ainda existem", disse.

Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Organizador da Rio-2016, também admitiu: "não temos um segundo a perder". "Estamos vivendo um momento tão especial no Brasil e único na história do país", admitiu. 

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Ele, porém, insistiu que o evento vai ser mantido dentro do orçamento. "Ele será economicamente sustentável e irá transformar o Rio. Prometemos um legado tangível. Os Jogos vão mostrar que o Brasil vai sempre sair de problemas mais fortes e comemoraremos", disse Nuzman.

"O Rio está pronto para fazer historia. Ficamos mais fortes quando temos obstáculos", afirmou o brasileiro. "Sabemos do tamanho da nossa responsabilidade", completou. 

O governo brasileiro também deixou claro que a crise não poupou nem a Rio-2016. "Como um país em desenvolvimento, tivemos muitos desafios na preparação dos Jogos", disse o ministro dos Esportes, Ricardo Leyser. "Mas quanto maior o desafio, maior o legado", disse. 

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Leyser também minimizou o custo público do evento. "Apesar de envolver significativos investimentos públicos, ele foi pago essencialmente pelo setor privado. A fortaleza da economia brasileira e dos empresários foi crucial para o evento. Temos confiança de que os jogos serão economicamente e socialmente sustentáveis.Todo o país vai se beneficiar e o Brasil vai ser um melhor lugar para viver depois", afirmou.