Publicidade

'Estava pronta e quero medalha em Tóquio', diz Ana Marcela Cunha após decepção

Atleta da maratona aquática era uma das mais cotadas para levar medalha no Rio-2016

PUBLICIDADE

Foto do author Luiz Alexandre Souza Ventura
Por Luiz Alexandre Souza Ventura
Atualização:

A nadadora Ana Marcela Cunha coleciona títulos na maratona aquática, tem sete medalhas em campeonatos mundiais com somente 24 anos de idade, mas conseguiu apenas um decepcionante décimo lugar na prova nos Jogos Olímpicos do Rio. Apesar de não ter conseguido subir ao pódio nesta última Olimpíada, ela afirma que não mudaria nada em sua preparação e na estratégia para a prova.

"Eu estava muito bem preparada para essa Olimpíada e não faria nada de diferente em termos de tática, de treinamento. Avaliando a prova e a alimentação, talvez tenhamos de pensar em algo para adicionar, para melhorar. Eu me dediquei muito e essa medalha não veio por um detalhe, mas vamos nessa busca, nós sabemos o caminho para chegar em Tóquio", disse Ana Marcela nesta terça-feira, em entrevista coletiva na Universidade Santa Cecília, em Santos.

Ana Marcela Cunha não foi bem na disputa da maratona aquática nos Jogos do Rio Foto: Daniel Teixeira/Estadão

PUBLICIDADE

"É claro que foi difícil aceitar a décima colocação. Eram quatro voltas de 2,5 quilômetros e, na primeira volta, consegui me alimentar, mas na segunda volta eu nadava junto com o pelotão e, quando eu já estava com a mão no saquinho (de isotônico), alguém bateu na vara de entrega. Tive que decidir entre deixar o pelotão e me alimentar ou continuar no grupo", contou a atleta.

Ana Marcela teve mais uma oportunidade de pegar outro saquinho, mas não foi suficiente para aguentar até o fim dos 10 quilômetros porque cada pacote tem aproximadamente 200ml e ela só havia consumido o primeiro.

Para o técnico Márcio Latouf, o posicionamento para entrega do isotônico dificultou a operação. "Ficamos sempre a 50 centímetros da água para entregar a alimentação, mas fomos colocados entre três ou quatro metros de distância", diz. "Ela estava com número 24 e a contagem foi feita ao contrário, da direita para a esquerda, e isso inverteu o que nós havíamos combinado. Quando ela estava praticamente com a mão na alimentação, outra atleta bateu na vara de entrega e o saquinho caiu na água", explicou.

De acordo com Latouf, a atleta voltará aos treinamentos em setembro, de olho em quatro grandes etapas: o Mundial em 2017, os Jogos Pan-Americanos de 2019, a seletiva olímpica que ocorre no Mundial em 2019 e a Olimpíada de Tóquio em 2020.

Segundo Lúcia Maria Teixeira, presidente do Instituto Superior de Educação Santa Cecília (Isesc) e diretora geral da Universidade Santa Cecília (Unisanta), onde a atleta treina, a faculdade de engenharia da instituição está desenvolvendo uma nova vara para evitar o problema que atrapalhou o desempenho de Ana Marcela nos Jogos do Rio.

Publicidade

PROJETO

Foi anunciado na entrevista coletiva desta terça-feira que o Instituto Ana Marcela e a Unisanta atuam em conjunto para criar o Dia Nacional da Maratona Aquática, a ser celebrado em 23 agosto, data da morte da nadadora Renata Agondi, que faleceu em 1988. O Projeto de Lei será apresentado na Câmara pelo deputado federal João Paulo Tavares Papa (PSDB/SP).

Renata Câmara Agondi foi um grande nome da natação brasileira nos anos de 1980. Ficou em terceiro lugar na Travessia Capri-Napoli e chegou ao vice-campeonato profissional. Começou a nadar aos 8 anos, no Rio de Janeiro, fez parte da equipe do Clube Internacional de Regatas e da Associação Santa Cecília de Esportes, em Santos.

A atleta morreu aos 25 anos durante a travessia ao Canal da Mancha (braço de mar no oceano Atlântico que separa a Grã-Bretanha do norte da França). Após um erro na rota da prova, ela teve hipotermia. O incidente provocou uma grande mudança nas regras de segurança da natação mundial, principalmente em águas abertas. A Maratona Aquática Internacional de Santos é chamada de Troféu Renata Agondi, em homenagem à brasileira.