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Flávia Saraiva e Verônica Hipólito revelam que sofreram com crises de ansiedade e burnout

Ginasta e atleta paralímpica comentam experiências e cuidados com a saúde mental, jogando luz sobre o tema no esporte brasileiro

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Por Redação
Atualização:

A saúde mental dos atletas tem se tornado um tema cada vez mais presente no esporte. Nos últimos meses, nomes como Simone Biles e Naomi Osaka jogaram luz sobre o tema, fazendo com que outros atletas se pronunciem sobre o assunto, ainda tabu na sociedade. No Brasil, foi a vez da ginasta Flávia Saraiva e da atleta paralímpica Verônica Hipólito falarem abertamente sobre o problema comum também entre pessoas comuns em rotinas estressantes. Ela revelaram terem sofrido crises de ansiedade e burnout durante a carreira e contaram como superaram os episódios com ajuda psicológica. 

Flávia Saraiva conta que seu drama começou em 2018, quando sofreu com burnout, um distúrbio psíquico causado por exaustão e geralmente relacionado ao excesso de trabalho. Pode atingir qualquer profissional. A ginasta conta que não conseguiu treinar com afinco durante o período, perdendo a capacidade de realizar exercícios nos quais sabia executar, mas não tinha concentração para fazê-los. Foi essa dificuldade de tirou a americana Biles das provas na Olimpíada de Tóquio. 

Flávia Saraiva lidou com o burnout antes dos Jogos de Tóquio Foto: Ricardo Bufolin/Panamerica Press/CBG

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"Eu fiquei dois meses sem dormir. Dormia três horas por noite e treinava sete horas por dia. Fiquei desesperada. Tinha vontade de chorar o tempo todo. Eu entrava no ginásio e falava: 'preciso ir embora'", disse a atleta no Liga NESCAU Summit, congresso digital voltado para profissionais de educação física. A ginasta revelou que a cura só veio quando aceitou que deveria primeiramente cuidar de si antes de voltar aos treinos e iniciou um tratamento com uma psicóloga, destacando que apoio de familiares, e do próprio treinador, foi essencial para sua recuperação. 

"Não é simples nem fácil. Fui para um período de dois meses de treinos em Portugal e só chorava. Ligava para minha psicóloga no meio do treino, com falta de ar", contou Flávia. "E eu não sabia o porquê. E ela me ajudou 100%. Me fez entender que eu precisava me aceitar."

Verônica Hipolito viveu episódios de ansiedade entre treinos, competições e cuidados com a saúde Foto: Marcelo Regua/ MPIX/ CPB

Medalhista na Rio-2016, a velocista paralímpica Veronica Hipólito viveu situação parecida. Ela conta que vivenciou fortes crises de ansiedade devido à pressão para voltar a competir em um momento que precisou se ausentar para cuidar de sua saúde. Há pelo menos cinco anos a atleta trata um tumor no cérebro, tendo se submetido a três cirurgias para a sua retirada. Atualmente, ela faz sessões de radioterapia e diz ter aprendido a separar cada momento, para que um não interfira no outro. 

"Meu psicólogo me ajudou muito a entender que eu não assumia o medo. Eu sentia medo de me paralisar. Só ficava pensando no que iria acontecer. Hoje, tenho a hora da radioterapia e a hora do treino. E entendo que, no meu tempo de treinar em altíssimo rendimento, preciso blindar as fraquezas até transformá-las em pontos fortes."

Durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, Flávia Saraiva integrou a equipe de ginástica brasileira. A atleta conseguiu superar uma lesão no tornozelo durante a competição e alcançou a final, apesar de não ter subido ao pódio. Já Veronica não alcançou índice olímpico, mas se destacou nas redes como comentarista do canal SportTV. Ambas iniciaram os treinamentos para a Olimpíada de Paris, em 2024

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