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Força mental do revezamento garantiu bronze em Sydney-2000, lembra Gustavo Borges

Aposentado desde 2004, após disputar a Olimpíada de Atenas, o agora ex-nadador vê na preparação mental o grande segredo dos grandes esportistas

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Não é só no tênis que a força mental faz a diferença. Um dos maiores nadadores da história brasileira, Gustavo Borges lembra até hoje do poder deste recurso exibido pelo revezamento brasileiro nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000m na Austrália. Na ocasião, o time nacional conquistou a medalha de bronze no 4x100 metros livre, apesar de lesão sofrida por Fernando Scherer, o Xuxa.

"O Xuxa estava com um pé machucado. E tínhamos dois calouros na equipe. Foi a força do time que trouxe a medalha", lembrou o ex-atleta, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo. O time brasileiro, na Austrália, contou também com Carlos Jayme e Edvaldo Valério, o Bala.

Gustavo Borges, nadador brasileiro Foto: Fabio M. Salles|Estadão

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Aposentado desde 2004, após disputar a Olimpíada de Atenas, na Grécia, o agora ex-nadador vê na força mental o grande segredo dos grandes esportistas. "Com certeza, a força mental é um grande aliado do resultado. É quando você está preparado emocionalmente, com confiança. E, às vezes, a questão mental supera as questões físicas, um problema que você tem ou algum problema com um parceiro do time. Na força no grupo, você acaba superando isso".

A definição do ex-atleta ecoa entre os especialistas. "A força mental é uma forma de regular os pensamentos, uma capacidade de gerenciar as emoções, de poder se comportar de uma forma mais produtiva, apesar de todas as adversidades, como insegurança, ansiedade", explicou a psicóloga Flávia Vernizi Adachi, professora da Faculdade Evangélica Mackenzie Paraná.

Hoje palestrante motivacional, Gustavo Borges acredita que qualquer atleta pode desenvolver estas capacidades mentais no alto rendimento. "Essa habilidade você desenvolve de várias maneiras. Ou com você mesmo, em termos de concentração, foco e vontade de chegar a algum lugar. Ou através da psicologia do esporte".

No quesito mental, o dono de quatro medalhas olímpicas diz ter várias referências esportivas, como o brasileiro Ayrton Senna e o ex-nadador norte-americano Michael Phelps. "Tem o Michael Jordan, o Michael Schumacher, o Michael Phelps, o Ayrton Senna, alguns times de vôlei que já vi jogar", enumerou o ex-atleta, antes de lembrar episódio de superação vivido por Phelps.

"Numa prova da Olimpíada de 2008, em Pequim, o óculos dele caiu durante os 200 metros borboleta. Ficou entrando água durante toda a prova. Mesmo assim, ele foi campeão. Essa questão de se superar, a garra, você vê a energia e a concentração nos olhos, no corpo, na expressão das pessoas", recordou.

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No Brasil, os treinos mentais já são encampados por atletas individuais, equipes, clubes e até pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), que conta com três preparadoras mentais. A entidade passou a reforçar a parte mental a partir de 2014, de olho nos Jogos Olímpicos do Rio-2016.

"Em 2016, reunimos 30 psicólogos das confederações para fazer o trabalho durante a Olimpíada. E verificamos que, de todas as modalidades que medalharam, apenas duas não tinham a preparação mental. Outras, que não medalharam mas tiveram performances significativas, também tinham acompanhamento psicológico. A partir disso, o COB colocou esse departamento como uma de suas prioridades do COB", disse a psicóloga Alessandra Dutra.

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