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Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Ouro no futebol é resposta de Jardine a quem lhe fechou portas

Treinador teve várias recusas para formar seu elenco e pouca contribuição dos atletas acima de 24 anos

Foto do author Robson Morelli
Atualização:

O Brasil pegou gosto pelo ouro olímpico no futebol. Depois da conquista histórica na Rio-2106, quebrando todas as sequências ruins de edições passadas, o time olímpico repetiu a façanha nos Jogos de Tóquio ao bater a Espanha por 2 a 1 na prorrogação, com gols de Matheus Cunha e Malcom. Bicampeão olímpico, repetindo também a sequência do futebol de gente grande lá atrás, com Pelé e Garrincha, nas Copas do Mundo de 1958 e 1962. Quando pega jeito, o Brasil vai embora no futebol.

É preciso ressaltar a boa campanha, sem sobras, mas muito eficiente, do elenco montado por André Jardine. Homenagem especial ao atacante Richarlison, autor de cinco gols na competição, que perdeu pênalti na final e gol feito, mas que nunca deixou de brigar e honrar a camisa. O Brasil precisa de jogadores assim, que amam o que fazem e amam a seleção brasileira. Chega dos atletas que só vestem a camisa para cumprir tabela, com seus fones de ouvidos longe de tudo e de todos. Richarlison é a cara desse novo Brasil no futebol. Ele e os demais. Alô, Tite!!! Presta atenção. 

Richarlison comemora o ouro em Tóquio Foto: Vincenzo Pinto / AFP

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Há um outro jogador no grupo, em fim de carreira, mas que chama título. É Daniel Alves. Não foi craque, mas continua sendo respeitado. Deixou o seu São Paulo e pediu para jogar nos Jogos do Japão. Queria estar em Tóquio e agora volta para casa com mais uma conquista, a 44 na carreira. Vai ter sim de se acertar com o torcedor são-paulino que o queria no time no Brasil, mas ao menos terá mais um motivo para mostrar sua competência e seriedade.

A vitória coroa a campanha. O futebol mantém a alegria do torcedor brasileiro na Olimpíada, a melhor do Brasil em sua história da Era Moderna, seja lá o que isso significa porque ainda há muita coisa para se fazer nesse caminho. Brasileiro gosta de outro brasileiro que ganha, que o representa. Embora o barão pregava a importância de competir e não de somente ganhar, não aprendemos muito essa lição do senhor Coubertin. Dá um desconto, barão! 

Mas é preciso apontar o dedo também para quem tentou atrapalhar essa conquista. Tite pediu todos os jogadores da Europa para jogar a Copa América. Isso atrapalhou a programação de Jardine, que queria levar alguns outros atletas acima dos 24 anos. Neymar poderia ter sido um deles. Com ele, a conquista poderia ter ficado mais fácil. Os zagueiros Thiago Silva e Marquinhos também. Agora podemos dizer quem nem precisou. Não foi assim antes. Jardine foi tendo uma porta atrás da outra batendo em sua cara. Não! Não! Não! 

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Teve ainda a recusa caseira, no caso do Flamengo, após a convocação de Pedro, reserva no time. O clube não liberou o garoto. Pedro não se posicionou contrário à decisão dos dirigentes da Gávea, nem sei se tinha como fazer isso contra quem paga seu salário. Perdeu, Flamengo!

Da mesma forma, tirando Richarlison, nenhum outro jogador da seleção principal de Tite se coçou para ajudar o Brasil a brigar pelo bi na Olimpíada, como se não valesse o esforço e o convencimento diante de seus respectivos clubes. Uma pena também a CBF não se intrometer nesse assunto, brigando mais para dar a Jardine e Branco, o coordenador de seleções de base, melhores condições. Esses profissionais se viraram. Branco se curou de uma covid-19 forte para viajar com o elenco. Foi sim uma conquista de ouro contra tudo e contra todos. Mas isso só dá mais valor à façanha e ao trabalho de todos eles.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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