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Londrino tem o seu legado olímpico cinco anos depois dos Jogos

Parque Olímpico Rainha Elizabeth vira ponto de encontro dos moradores da capital britânica, com atividades e lazer

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“Para o legado olímpico ser completo, a população precisa estar envolvida em tudo. Ou nada vai funcionar”. É assim, direto ao ponto, que Ben Fletcher, diretor de estratégias, comunicação e marketing do Parque Olímpico Rainha Elizabeth, na região leste da capital britânica, explica ao Estado o sucesso de público do local cinco anos após os Jogos de 2012. O segredo? Planejamento, execução e gestão caminharam juntos desde o início do processo. Sempre com o foco no público.

Região de Stratford, área ao leste de Londres. Ao descer da estação de metrô ou trem, quem está ali sai dentro do maior shopping center da cidade. Alguns passos depois, novos empreendimentos residenciais e comerciais já prontos e uma série de outros em obras surgem no horizonte. Ao atravessar a rua, você está dentro do imponente parque, com gente de todas as idades aproveitando os 2.500 m2 de áreas verde, lazer e esportes. O legado olímpico em Londres é realidade.

Estádio Olímpico é um dos legados da Olimpíada em Londres. Foto: Glauco de Pierri|Estadão

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“Nós pensamos no legado para a população desde o dia em que fomos escolhidos como sede”, diz Fletcher. Londres foi eleita em julho de 2005. Além do planejamento para Olimpíada e Paralímpiada, o governo montou e executou um plano de ação que determinaria os rumos dos equipamentos e locais esportivos após a competição.

“Após o fim dos Jogos, ficamos fechados porque precisávamos adaptar toda a estrutura para receber o público. Recebemos críticas, algumas diziam sobre gentrificação de Stratford. Dez anos atrás, o local era um bairro abandonado e ele se transformou. Novos empreendimentos foram surgindo, e outros vão ser construídos – alguns começarão obras em 2020. Temos agora as novas estações de trem e metrô, acessibilidade completa, shopping center ao lado do parque. São coisas que atraem os frequentadores, que passam a usar o local com frequência”, diz Fletcher.

A reportagem do Estado acompanhou em Londres a disputa do Mundial de Atletismo Paralímpico neste mês. Muita gente foi ao estádio para ver as provas. E outros aproveitavam o parque para relaxar, praticar exercícios, estudar e almoçar.

Na terça-feira, por exemplo, um grupo de cerca de 50 crianças fez aulas de educação física no gramado do parque, e não na escola. “Nós precisamos do povo. Não adianta ter uma estrutura magnífica, um parque olímpico impecável, sem ninguém frequentando. O que fazemos é seguir o plano original, criar atrativos às pessoas. Além do shopping, temos parque de diversões, restaurantes, sorveteria, lojas, aluguel de bicicletas. Temos interação com o londrino.”

O Rio poderia se inspirar em Londres para destinar o uso dos equipamentos olímpicos? A pergunta lhe foi feita porque ele esteve nos Jogos de 2016. “É difícil falar. São duas cidades diferentes, nem sempre o que se aplica a uma, daria certo na outra. É preciso ter um acerto entre os governos federal, estadual e municipal. Um plano que defina os rumos e que ações sejam executadas. Acredito que é possível o Brasil encontrar sua solução”, acredita Fletcher.

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Três perguntas para Ben Fletcher, diretor do Parque Olímpico de Londres

1. Quais são as estratégias para manter o Parque Olímpico com público no ano? Nós pensamos em atrativos para a população, como os mundiais de Atletismo, o futebol. Mas já tivemos competições de alto nível de natação, ciclismo, entre outras.

2. Os frequentadores podem usar os equipamentos esportivos? Sim, sem dúvida. Alguns nós cobramos uma pequena taxa, mas a maior parte é gratuita.

3. Qual conselho você daria para os administradores do Parque do Rio?  Não posso avaliar de longe, mas sempre digo que a população precisa participar. A partir daí, as coisas podem dar certo.

*O repórter viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

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