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Markus Rehm e o salto na história paralímpica

Alemão 'voador' do salto em distância tenta novo ouro no Rio e não desiste de competir contra todos

Por Paulo Favero e enviado especial ao Rio
Atualização:

O alemão Markus Rehm terá neste sábado, no Engenhão, mais um capítulo de sua história paralímpica para tentar mostrar que pode competir também nos Jogos Olímpicos. Maior estrela do salto em distância, ele disputa a categoria T44, para amputados abaixo do joelho, e vai em busca de sua segunda medalha nesta edição dos Jogos Paralímpicos – ele já obteve um ouro no revezamento 4 x 100 m T42-47.

Mais do que a briga por centímetros na areia ou pela possibilidade real de fazer o maior salto da história, superando a marca de 8,95m do recordista mundial Mike Powell, conquistada em 1991, o que o alemão sonha é competir contra qualquer adversário. Rehm, que perdeu um pedaço da perna direita em acidente de wakeboard quando tinha 13 anos, tem como recorde mundial paralímpico 8,40m e pediu permissão para disputar a Olimpíada. Mas ela foi negada.

Markus Rehm ainda sonha em competir em uma Olimpíada Foto: Matt Dunham/AP

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"Meu objetivo é competir na Olimpíada. Gostaria de estar lá mesmo que não conte para a colocação final. E sou orgulhoso de ser um atleta paralímpico e esse é meu evento principal, aqui é minha casa. Mas quero apenas usar um evento maior para dar mais publicidade ao esporte paralímpico. Seria ótimo apresentar nossos esportes para o máximo de pessoas e mostrar ao mundo os grandes atletas que somos, sem precisarmos ficar escondidos atrás de atletas olímpicos", comentou.

A polêmica sobre a participação de Rehm na Olimpíada é porque especula-se que a prótese oferece um ganho para o atleta que um competidor com as duas pernas não teria. Foram feitos diversos estudos científicos sobre o assunto, que acabaram sendo inconclusivos. Se por um lado o amputado demora mais a acelerar por causa da prótese, ele também tem um desempenho melhor no salto por causa dessa tecnologia, do impulso.

A empresa responsável pela fabricação das lâminas de corrida é a Össur, da Islândia. Claro que o maior interesse dela é desenvolver equipamentos que possam cada vez mais ajudar nas competições. Só que uma prótese sozinha não faz um campeão paralímpico. Por trás das inovações tecnológicas estão horas de treino e dedicação.

 Foto: Arte/Estadão

É só reparar nas marcas dos adversários para perceber que Rehm é um ótimo saltador. De todos os inscritos, quem mais se aproxima do alemão é o holandês Ronald Hertog, que tem como melhor marca 7,57m. Todos os outros saltam na casa dos seis metros e o grego Michail Seitis só chega a 5,59m. Assim, a menos que ocorra uma zebra, o ouro será do alemão, só não se sabe com qual marca.

Nos últimos dias ele manteve-se concentrado na sua prova preferida. O favoritismo, ele garante, não o atrapalha. "Existe a pressão que coloco em mim mesmo, pois quero fazer algo especial. Quero saltar muito longe e chegar próximo da minha melhor marca mundial. Temos tantos grande atletas aqui, com histórias incríveis, que fico emocionado só de ouvi-las."

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Agora, Rehm espera saltar cada vez mais longe e garantir a permissão de competir contra qualquer adversário no futuro, mesmo que não chegue ao pódio. "Depois do Rio, vou continuar conversando com a Iaaf (Federação Internacional de Atletismo) e espero que encontrem uma solução para que eu possa estar no Mundial de Atletismo de 2017, em Londres."