Mídia às escuras enquanto espera subida da tocha ao Everest

Governo chinês impede que a imprensa mundial cubra o evento para evitar manifestações pró-Tibete

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Por NICK MULVENNEY
Atualização:

A China manteve o mistério sobre o progresso da passagem da tocha olímpica pelo Monte Everest nesta segunda-feira, apesar da chegada da mídia internacional ao pé da montanha mais alta do mundo. Veja também:  O trajeto completo do revezamento da tocha pelo mundo A escalada do Everest é o ponto alto do revezamento mundial da tocha, que tem sido marcado por protestos e contra-protestos sobre o Tibete em diversas paradas de sua viagem pelos cinco continentes antes do início dos Jogos de Pequim, em agosto. A tocha que vai ao Everest é diferente da chama que roda o mundo, que nesta segunda-feira passou pelas ruas da capital norte-coreana Pyongyang e que na terça-feira tem como parada o Vietnã. Determinados a não permitir nenhum contratempo durante a parada especial da tocha, os organizadores foram enigmáticos a responder questões sobre onde a chama estaria e quando ela chegaria ao topo da montanha. "Posso confirmar que a lanterna com a chama está nas mãos de montanhistas, mas não posso dizer a vocês se há escaladores na montanha neste momento", disse Shao Shiwei, vice-diretor do departamento de mídia do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Pequim. "Não há apenas uma chama, são muitas chamas", acrescentou. "Há chamas de back-up e eles não nos dizem qual delas vai subir ao topo. Estamos trabalhando com prudência por causa do clima rigoroso." A cerimônia de partida da tocha no campo base do Everest foi cancelada na semana passada por causa do clima, disseram autoridades. Uma delegação da Administração Estatal do Esporte já havia monitorado o Tibete - onde ocorreram protestos contra o regime chinês no mês passado - para verificar os preparativos para a subida de 8.848 metros da tocha. "Temos confiança, senso de responsabilidade, capacidade e força para superar qualquer interrupção ou sabotagem de elementos hostis de dentro e de fora do país", disse Qiangba Puncog, presidente do governo da Região Autônoma do Tibet, de acordo com uma reportagem do jornal Tibet Daily. Desde as manifestações de monges budistas na capital tibetana, Lhasa, em 14 de março, que foram reprimidas com violência pela China, está proibida a entrada de estrangeiros no Tibet, e apenas na última semana turistas chineses puderam voltar à região. A nova estrada de 21,4 milhões de dólares que leva ao acampamento base do lado tibetano do Everest segue uma rota popular de caminhada, mas o local estava deserto nesta segunda-feira, a não ser pelo comboio levando a imprensa estrangeira e chinesa para cobrir a subida da tocha. Havia cinco pontos de checagem durante o percurso de 108 quilômetros, a partir da cidade de Tingri, mas, com apenas uma exceção, as paradas eram superficiais.

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